REAÇÃO JBS diz que não houve edição

André de Souza

21/05/2017

 

 

Empresa afirma que é ‘natural’ delator ser atacado e nega manipulação em áudio com Temer

O grupo J&F, ao qual estão ligados o frigorífico JBS e a marca Friboi, disse que é natural neste momento tentar desqualificar os executivos e funcionários da empresa que firmaram acordos de delação premiada. Em nota, o grupo nega que tenha ocorrido edição na gravação de uma conversa entre o presidente Michel Temer, alvo de um inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF), e o empresário Joesley Batista, um dos donos da J&F. O texto foi divulgado poucas horas depois de Temer ter feito um pronunciamento com ataques a Joesley.

Foi essa gravação, feita pelo empresário sem o conhecimento do presidente, que levou à abertura de investigação no STF. Temer a chamou de clandestina e disse que ela foi manipulada e adulterada.

“É natural que, nesse momento, em função da densidade das delações, surjam tentativas de desqualificá-las”, diz trecho da nota. “Quanto ao áudio envolvendo o presidente Michel Temer, Joesley Batista entregou para a Procuradoria-Geral da República a íntegra da gravação e todos os demais documentos que comprovam a veracidade de todo o material delatado. Não há chance alguma de ter havido qualquer edição do material original, porque ele jamais foi exposto a qualquer tipo de intervenção.”

Temer também disse que Joesley “está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York”. Em nota, o grupo J&F não faz menção direta à fala, mas diz que “quanto mais sólida e forte uma delação, maiores os graus de exposição e desgaste dos delatores”. Assim, eles “assumiram e ainda assumem um enorme risco pessoal, com ameaças à sua vida e à segurança da sua família”.

A J&F também defendeu o mecanismo da delação: “Não seria possível expor a corrupção no país sem que pessoas que cometeram ilícitos admitissem os fatos e informassem como e com quem agiram, fornecendo indícios e provas”.

O texto destaca que a colaboração dos outros delatores da J&F é diferente das anteriores. Foram prestados depoimentos, fornecidos documentos e realizadas ações controladas — como gravações — com autorização judicial. “A negativa de denúncia e o perdão judicial são previstos pela legislação em vigor. A possibilidade de premiação excepcional para uma colaboração igualmente excepcional é de grande importância para o êxito do mecanismo da colaboração premiada”, diz a nota.

 

O globo, n. 30603 , 21/05/2017. PAÍS, p. 5