BNDES cria comitê de crise para apoiar investigações e funcionários

Martha Beck

Cássia Almeida

21/05/2017

 

 

Banco oferece assistência jurídica e psicológica aos empregados

O BNDES criou um comitê de crise para dar apoio às investigações sobre as suspeitas de favorecimento do grupo JBS. Trata-se de um passo a mais nas medidas tomadas pelo banco de desenvolvimento para dar conta das apurações sobre as acusações que vieram à tona com a Operação Bullish, deflagrada no fim da semana passada pela Polícia Federal, sobre os aportes do banco ao conglomerado, que teriam sido feitos a partir de junho de 2007 e usados para comprar outras empresas no ramo de frigoríficos, no valor de R$ 8,1 bilhões. A PF encontrou indícios de que as operações foram executadas sem exigência de garantias e com a dispensa indevida de prêmio contratualmente previsto, o que teria gerado um prejuízo de aproximadamente R$ 1,2 bilhão aos cofres públicos. Na última terça-feira, o banco já havia anunciado a criação de uma Comissão de Apuração Interna, que terá prazo de 45 dias, prorrogáveis pelo mesmo tempo.

 

TCU: PERDA DE R$ 711 MILHÕES

No comunicado enviado aos funcionários pela diretoria do BNDES, o banco afirma que o comitê vem se reunindo diariamente para discutir “estratégias de atuação, apuração dos fatos, suporte aos empregados investigados, colaboração com a Justiça e comunicação com os diversos públicos de interesse”.

O banco também começou, pelo que informa no comunicado, “uma campanha de engajamento e esclarecimento dos empregados sobre como obter informações corretas a respeito de temas de destaque nas redes sociais e na imprensa”. O BNDES pôs plantonistas nas áreas jurídica e de comunicação, com telefones diretos de jornalistas e advogados para atender aos funcionários, além de “atenção psicossocial”. Os funcionários têm direito a custeio de despesas advocatícias, conforme prevê o estatuto do banco.

O BNDES, consultado, confirmou a criação do Comitê de Crise, por meio de nota: “Na última sexta-feira, dia 12/5/2017, a Diretoria do BNDES instituiu um Comitê de Crise que reúne a Presidente, os diretores Jurídico, de Controladoria, de Mercado de Capitais e de Recursos Humanos, bem como membros das Áreas de Administração e Recursos Humanos, Jurídica e Comunicação”. E que trabalha para esclarecer os fatos e apoiar seus empregados.

O banco não informou quantos funcionários estão sendo investigados.

O Tribunal de Contas do União (TCU) calculou em R$ 711,3 milhões o prejuízo do banco somente com a compra de ações e debêntures (títulos de dívida) do grupo JBS. O tribunal considerou o aporte como “cessão graciosa de dinheiro público”, conforme O GLOBO informou com exclusividade.

Na Bullish, a PF cumpriu 37 mandados de condução coercitiva e tornou indisponíveis bens de pessoas físicas e jurídicas que participam direta ou indiretamente do controle acionário da JBS, até o limite do prejuízo que teria sido gerado.

 

O globo, n. 30603, 21/05/2017. ECONOMIA, p.  36