Proposta de R$ 8 bi da JBS por leniência é rejeitada

Eduardo Bresciani

29/05/2017

 

 

Foi a quinta recusa do Ministério Público Federal, que queria R$ 11 bi e agora pede R$ 10,99 bi em 13 anos

O Ministério Público Federal (MPF) rejeitou uma proposta de R$ 8 bilhões feita pelo grupo J&F, dos empresários e delatores Joesley e Wesley Batista, para fechar acordo de leniência. O MPF, que havia pedido R$ 11 bilhões, agora fixou em R$ 10,99 bilhões sua nova contraproposta nas negociações.

Foi a quinta vez que o MPF não aceitou o valor oferecido pela empresa. A primeira oferta feita pela holding que controla a indústria de alimentos JBS era de R$ 700 milhões. Os irmãos fizeram acordo de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República e pagarão como pessoa física R$ 250 milhões, além de garantirem benefícios como imunidade e autorização para morar nos Estados Unidos.

 

VALOR É 6% DO FATURAMENTO

Segundo a força-tarefa da Operação Greenfield, que está à frente das negociações da leniência, os R$ 10,99 bilhões pedidos poderiam ser parcelados ao longo de 13 anos, com prestações semestrais, tendo início em dezembro deste ano. O valor representa 6% do faturamento do grupo em 2016, livre de impostos, que foi de R$ 183,2 bilhões.

O cálculo é feito com base na Lei Anticorrupção, que fixa em 20% do faturamento o máximo a ser pago. Para chegar ao valor, os investigadores aplicaram redutores em função da colaboração efetiva dos acionistas do grupo e da existência de programa de compliance anticorrupção da empresa.

O valor proposto pelos investigadores leva em conta também o Ebitda, indicador usado para medir o desempenho da empresa e seu valor de mercado. A multa proposta representa 64,11% do Ebitda do grupo J&F. No caso da empreiteira Odebrecht, o valor foi fixado em 54% do índice.

A intenção do Ministério Público é destinar 75% do total a ser pago para o BNDES e os fundos de pensão Funcef e Petros, cabendo 25% para cada. A União receberia 12,5%, enquanto a Caixa e o FGTS ficariam com 6,25% cada. Caso o grupo firme outros acordos no exterior, também teria que destinar metade do valor pago lá fora a estas instituições.

 

O globo, n.30611 , 29/05/2017. PAÍS, p. 5