Para defesa do ex-presidente, delatores mentem

Rayanderson Guerra

13/05/2017

 

 

Advogados entraram com representação contra Moro no CNJ

Os advogados de Lula chamaram de mentirosas as declarações de João Santana e Mônica Moura e os acusaram de não ter apresentado provas. Em nota, a defesa argumentou que Lula “nunca tratou direta ou indiretamente do financiamento das campanhas eleitorais em que foi candidato ou apoiador”, deixando isso ao cargo dos tesoureiros. Na avaliação dos advogados, quem tenta um acordo de delação precisa citar o nome de Lula para ter alguma chance de ter seu pedido aceito na Lava-Jato.

Um dia antes do depoimento a Sergio Moro, os advogados de Lula entraram com uma reclamação disciplinar contra o juiz federal no Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Na petição, assinada também por Lula, a defesa pede providências sobre a decisão de Moro de proibir a gravação independente da audiência. Antes do depoimento, os advogados entraram com recursos no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) e no Superior Tribunal de Justiça (STJ) para a suspensão do processo sobre o tríplex da OAS e para que a defesa pudesse gravar de forma independente a audiência. Os pedidos foram negados nas duas instâncias.

Os advogados Cristiano Zanin e Roberto Teixeira pedem que Moro seja notificado para prestar informações no prazo de 15 dias. Após o processamento do pedido, os advogados pedem que “sejam adotadas as medidas previstas no Regimento Interno do CNJ, com a eventual imposição de sanções disciplinares” ao juiz.

O GLOBO entrou em contato com a assessoria da Justiça Federal do Paraná, mas não obteve uma resposta de Moro.

Teixeira e Zanin alegam no documento que pediram para gravar o interrogatório, em áudio e vídeo, alegando princípio da publicidade e da ampla defesa. Os advogados de Lula pediram que a câmera não ficasse fixada em Lula durante a audiência e autorização para captação de imagem de todos os participantes da audiência.

A defesa propõe ao corregedor do CNJ que, se os argumentos apresentados forem suficientes, seja proposta ao plenário a investigação de processo administrativo disciplinar.

Ao decidir que a defesa do petista não poderia gravar de forma independente a audiência, Moro alegou que Lula e seus advogados queriam transformar o interrogatório “em um evento político-partidário”. Por conta disso, a defesa do ex-presidente alegou que Moro desrespeitou a dignidade profissional dos advogados.

 

O globo, n. 30595, 13/05/2017. País, p. 7