Em vídeo, primo de Aécio recebe R$ 500 mil

10/06/2017

 

 

Dinheiro, entregue por executivo da J&F, seria propina; imagens foram gravadas pela Polícia Federal

 

A Polícia Federal flagrou Frederico Pacheco de Medeiros, primo do senador Aécio Neves (PSDBMG), recebendo uma mala com R$ 500 mil de Ricardo Saud, executivo da J&F, grupo que controla a JBS. A entrega do dinheiro fez parte de uma das “ações controladas” realizadas pela polícia após acordo de delação premiada dos donos da JBS, como ocorreu com o ex-assessor-especial da Presidência Rodrigo Rocha Loures. As imagens foram divulgadas pelo Jornal Nacional, da TV Globo.

A entrega do dinheiro ocorreu no dia 12 de abril numa sala da sede da empresa. De acordo com o Jornal Nacional, foi a segunda de quatro malas com R$ 500 mil que seriam entregues segundo acordo entre Ricardo Saud e Frederico.

As imagens mostram Frederico contando o dinheiro em cima de uma mesa. O primo de Aécio coloca maços de dinheiro na bolsa, e o executivo da J&F sai da sala carregando a mala. De acordo com a Polícia Federal, a mala foi entregue a Mendherson Souza Lima, ex-assessor do senador Zezé Perrela (PMDB-MG), que é próximo de Aécio. Não há imagens da entrega da mala a Mendherson.

Também foram flagradas imagens do terceiro encontro entre Frederico e Saud, no dia 19 de abril, no prédio da JBS. Os dois encontram Mendherson no estacionamento do local. AS imagens mostram Mendherson colocando no bolso dinheiro entregue por Frederico.

Com as ações controladas, a PF descobriu R$ 450 mil escondidos na casa da sogra de Mendherson, em Nova Lima (MG). Ele contou aos investigadores que escondeu o dinheiro no local na véspera da Operação Patmos.

JANOT REITERA AO STF PEDIDO DE PRISÃO DE AÉCIO

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, reiterou ontem ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG). Ele também se manifestou pela manutenção das prisões da irmã de Aécio Andrea Neves, do primo Frederico Pacheco, e do assessor parlamentar e cunhado do senador Zeze Perrella (PMDB-MG), Mendherson Souza Lima.

O procurador-geral afirma que a prisão preventiva é imprescindível para a garantia da ordem pública. Segundo ele, “são muitos os precedentes do Supremo Tribunal Federal que chancelam o uso excepcional da prisão preventiva para impedir que o investigado, acusado ou sentenciado torne a praticar certos delitos enquanto responde a inquérito ou processo criminal, desde que haja prova concreta do risco correspondente.”

Janot diz ainda que, “não bastasse toda essa narrativa, vislumbra-se grande probabilidade de que a lavagem de parte dos R$ 2 milhões recebidos da propina paga recentemente pela J&F com participação direta de todos os requeridos ainda esteja em curso”.

Em nota, a defesa do senador Aécio Neves refutou o teor da denúncia “oferecida com incomum e inexplicável pressa pela PGR, antes mesmo de o senador ter oportunidade de ser ouvido para prestar os esclarecimentos solicitados”.

Sobre as gravações, a defesa de Aécio afirmou ao Jornal Nacional que o dinheiro foi um empréstimo oferecido por Joesley Batista, dono da JBS, para forjar um crime que lhe permitisse firmar acordo de delação. Disse ainda que o empréstimo não envolveu dinheiro público ou contrapartidas do senador, e que, por isso, não se pode falar em propina ou corrupção. Os advogados de Frederico e Mendherson disseram que só vão se pronunciar na Justiça.

O senador Zezé Perrella afirmou, por meio de sua assessoria, que não recebeu dinheiro entregue a Mendherson, o que pode ser comprovado, segundo ele, pela análise de seus extratos bancários. A JBS declarou que está colaborando com a Justiça. (Com G1)

 

As imagens mostram Frederico Pacheco, primo do senador tucano afastado Aécio Neves, contando o dinheiro em cima de uma mesa

 

O globo, n. 30623, 10/06/2017. PAÍS, p. 12