País teve maior queda nas importações, diz OMC

Jamil Chade

13/04/2017

 

 

Em três anos, segundo a Organização Mundial do Comércio, volumes importados pelo Brasil caíram 28%, como reflexo da recessão

 

 

 

A recessão no Brasil levou o País a sofrer a maior queda de importações entre as grandes economias do mundo e uma recuperação não deve vir até 2019. A constatação é da Organização Mundial do Comércio (OMC), que também diz que a recessão começou em 2013 e seguiu até 2016.

Em termos acumulados, a recessão já representou uma queda de 28% nos volumes importados que passaram pelos portos do País em três anos. A entidade interpreta isso não como um ponto positivo, mas sinal de economia em apuros.

Para a entidade, essa contração é sinal de debilidade da economia, e não pode ser considerada como um ponto positivo.

No ano passado, a queda foi de quase 20% no valor nas importações, bem acima da média de redução de 3%nomundo.O resultado, de US$ 143 bilhões, levou o País a cair no ranking de maiores importadores.

Em 2013 e 2014, o Brasil aparecia na 21.ª posição entre as economias que mais importavam.

Ao final de 2016, o País estava na 28.ª posição, superado até mesmo pela pequena economia da Áustria.

Em valores, a queda das importações no Brasil foi uma constante nos últimos três anos. Em 2014, a contração havia sido de 4,5%, contra uma queda de 25% em 2015 e 19,8% no ano passado. Em média, a redução foi de 4,7% entre 2010 e 2016, a maior do mundo entre as grandes economias.

Em volume, a queda também foi substancial. Ela foi de 2,7% em 2014, 15,1% e mais 12,8% de contração em 2016.

A queda brasileira contrasta com a expansão registrada até 2012, com saltos de mais de 20% por ano nas importações.

A tendência levou centenas de multinacionais a cobiçar o mercado brasileiro, investir e compensar suas fracas vendas na Europa com apostas no Brasil.

 

Projeções. Para 2017, a previsão não é das melhores. O ano pode acabar comum a importação ainda em baixa ainda de 0,6% na América do Sul, em grande parte dominada pelo Brasil.Para2018, a expansão seria de apenas 1% a 3%.

“A recessão teve grande papel”, disse Roberto Azevêdo, diretor- geral da OMC, que espera que a contração do PIB nacional perca força em 2017. “Se ela (a importação) cai rapidamente, é um indicador avançado de uma desaceleração. Às vezes, essa queda é comemorada.

Mas isso não é uma boa notícia. Apenas quer dizer que uma economia está se desacelerando”, disse o brasileiro. “Muito vai depender do comportamento do PIB (brasileiro)”, estima.

Segundo a OMC, a situação brasileira contaminou os resultados de toda a América do Sul, que acabou tendo o pior resultado entre todas as regiões. “A queda nas importações da América do Sul foi mais persistente e profunda, levadas em grande parte por quedas nos preços de commodities”, disse a entidade. “Grande parte do declínio ocorreu por conta do Brasil, que continuou enfrentando uma severa recessão”, apontou.

Em volume, a importação da América do Sul foi também a que registrou a maior queda do mundo, com uma contração de 8,7%. O Mercosul ainda foi o bloco econômico com os piores resultados, com queda de 20,9% de redução nas importações em termos de valores

 

Recuo

20% foi a retração nas importações no Brasil em 2016, bem acima da redução média mundial de 3%; País para 28ª posição no ranking de importadores mundiais

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45103, 13/04/2017. Economia, p. B9.