Presidente admite agenda ‘negativa’ com ação no TSE

Carla Araújo

07/07/2017

 

 

Em entrevista à Rádio Bandeirantes, Temer afirma que seu ‘desejo’ é de que processo seja julgado ‘o mais rápido’ para não afetar governo

 

 

 

O presidente Michel Temer admitiu ontem que a ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que pede a cassação da chapa pela qual foi reeleito com a presidente cassada Dilma Rousseff em 2014 é uma “pauta negativa”. Ele afirmou ter pressa pelo fim do julgamento, que, após o adiamento decidido pelo plenário da corte na terça-feira, teve sua conclusão indefinida.

Segundo o presidente, o processo afeta o governo e a retomada da economia.

“Eu gostaria de que fosse julgado o mais rapidamente possível, seja qual for a decisão. Estarei sempre obediente às decisões dos tribunais”, afirmou Temer em entrevista à Rádio Bandeirantes.

“Daí, você tira uma pauta negativa da sua frente”, disse. O TSE decidiu ouvir novas testemunhas no processo, como o ex-marqueteiro do PT João Santana. A ação eleitoral foi ajuizada pelo PSDB, em 2014, logo após as eleições, sob a acuação de abuso de poder econômico e político.

O presidente afirmou também que a decisão sobre o futuro da ação cabe ao TSE, mas o ideal seria a declaração de “improcedência da ação”. “Isso daria tranquilidade ao País”, disse Temer. “É importantíssimo que se julgue o mais rapidamente possível, esse é meu desejo.” Temer disse que havia escutado “suposições” de que ele estaria envolvido em ilegalidades e ressaltou não ter “participação em nenhuma bandalheira”. O presidente destacou que, em sua delação, Marcelo Odebrecht – herdeiro do Grupo Odebrecht – afirmou que “jamais” conversou com ele sobre valores de doações para campanha.

 

Contas. O presidente rechaçou ainda a ideia de “estar junto e misturado” com Dilma e afirmou que, juridicamente, seus advogados estão convencidos de que as contas foram prestadas separadamente e julgadas em conjunto. “O problema não é da aplicação de recurso, mas da arrecadação, se foi lícita ou ilícita. E eu digo que em relação à arrecadação as contas são inteiramente separadas”, disse.

 

Desejo

“Eu gostaria de que fosse julgado o mais rapidamente possível, seja qual for a decisão.” “Daí, você tira uma pauta negativa da sua frente.”

Michel Temer

PRESIDENTE DA REPÚBLICA

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Mantega diz que acusações são ‘uma peça de ficção’

Ricardo Galhardo

07/04/2017

 

Em depoimento ontem à Justiça Eleitoral, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega chamou de “peça de ficção” as declarações do empreiteiro Marcelo Odebrecht sobre pagamentos via caixa 2 à campanha da presidente cassada Dilma Rousseff, segundo o advogado da petista, Flávio Caetano.

“O ministro Guido Mantega fez um depoimento bastante enfático afirmando que todas as declarações do senhor Marcelo Odebrecht são mentirosas. Guido Mantega disse que o depoimento de Odebrecht é uma peça de ficção”, afirmou Caetano, que defende Dilma na ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que apura possível abuso de poder econômico e político pela chapa Dilma-Temer em 2014.

Em março, Odebrecht disse ao TSE que Dilma sabia dos repasses via caixa 2, afirmou ter pago R$ 50 milhões à campanha da petista e apontou Mantega como interlocutor dos repasses.

Mantega é uma das quatro novas testemunhas intimadas pelo ministro Herman Benjamin, relator da ação no TSE. O ex-ministro depôs ontem por videoconferência.

Segundo advogados que acompanharam o depoimento no Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), Mantega negou “ponto a ponto” as acusações do empreiteiro.

 

Depoimento. O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega (esq.) chega ao TRE, em São Paulo

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45097, 07/04/2017. Política, p. A5.