Título: Mudança na vacinação infantil
Autor: Castro, Grasielle
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2012, Brasil, p. 9

Tetravalente passa a incluir o imunizante contra a hepatite B e vai combater cinco enfermidades. A partir de agosto, as duas primeiras doses do composto para evitar a poliomielite serão injetáveis

A partir de agosto, o calendário de vacinação infantil sofrerá alteração. O Ministério da Saúde anunciou ontem que dois novos imunizantes serão incluídos. Com a novidade, em vez de as crianças tomarem as duas primeiras doses do composto contra a poliomielite em gotinhas, as aplicações passarão a ser injetáveis. Em compensação, será eliminado o uso de seringas para a vacina contra a hepatite B. A proteção contra a doença será incluída na mesma dose da tetravalente, que passará a ser chamada de pentavalente e protegerá contra difteria, tétano, coqueluche e outras infecções causadas pelo vírus Haemophilus influenzae tipo B.

Segundo o secretário de Vigilância em Saúde, Jarbas Barbosa, a mudança tem dois objetivos. No caso da pentavelente, o propósito é combinar as vacinas, diminuindo a quantidade de injeções e de visitas aos postos, reduzindo os gastos do governo. A nova medida significa uma economia anual no preço da vacina de R$ 700 mil. Em quatro anos, a pentavalente deverá ser transformada em heptavalente, agregando a poliomielite ativada e a meningite C conjugada.

Já a imunização injetável contra a pólio terá o vírus inativo, ao contrário das gotinhas, nas quais há uma forma atenuada do micro-organismo. A diferença é que o uso das seringas elimina o risco de as crianças desenvolverem paralisia infantil. "É um efeito muito raro, que ocorre principalmente na primeira e na segunda etapa da vacinação", diz Barbosa. No ano passado, foram notificadas duas reações do gênero. "Continuaremos a utilizar a vacina até que a gente consiga uma eliminação geral", pontua o secretário, acrescentando que a terceira e última dose antipólio continuará sendo via oral. "O Zé Gotinha continua vivo e ativo", ressalta. Ainda existem casos de pólio em 24 países, sendo endêmicos apenas no Afeganistão, na Índia, na Nigéria e no Paquistão.

HPV O ministério estuda ainda a viabilidade de incluir no calendário vacinas contra a hepatite A, a catapora e o vírus do papiloma humano (HPV). De acordo com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, é preciso desenvolver um composto contra o HPV que tenha maior aderência para jovens e adolescentes, que não seja de três doses, como a que existe hoje. "Interessa introduzir a vacina de um perfil mais amplo de proteção maior", afirma.