Título: Obama batalha para romper polarização
Autor: Tranches, Renata
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2012, Mundo, p. 19

Pesquisa mostra eleitorado profundamente dividido sobre a atuação do presidente

A seis dias do tradicional discurso do Estado da União proferido pelo presidente dos Estados Unidos perante o Congresso, uma pesquisa divulgada ontem mostrou que Barack Obama falará a um eleitorado desanimado e polarizado sobre a situação econômica do país. Os dados mostram que o líder enfrentará uma dura campanha pela reeleição em 2012. Sondagens realizadas por jornais norte-americanos têm destacado Obama em empate técnico com o pré-candidato republicano favorito, o ex-governador de Massachussetts Mitt Romney. Em um esforço para conter essa desvantagem, o Partido Democrata está se mobilizando e rapidamente capitalizou a polêmica envolvendo a declaração de renda do rival da oposição, que indica o pagamento por uma alíquota mais baixa que a da maioria dos trabalhadores.

Segundo a pesquisa realizada pelo jornal The Washington Post e pela rede de televisão ABC, 30% dos norte-americanos consideram que a situação financeira no país está pior atualmente do que em janeiro de 2009, quando o presidente assumiu. Os números revelam, porém, que 54% dos consultados atribuíram seus problemas econômicos à política conduzida pelo antecessor imediato de Obama, George W. Bush, contra 29% que culpam o atual mandatário.

A sondagem revela uma polarização na imagem que o eleitorado tem do presidente. Sua política de criação de empregos, por exemplo, é bem vista por 48% dos entrevistados. A mesma porcentagem, porém, a reprova. Uma análise do Washington Post diz que pesa ainda o fato de o presidente começar sua luta pela reeleição com uma aprovação de apenas 50%. O jornal, contudo, não deixa de ressaltar que ele conseguiu uma sensível recuperação, após ter a popularidade batido em 42%, no último semestre.

Para o cientista político da Duke University John Aldrich, o discurso de terça-feira poderá alterar completamente o grau de polarização do eleitorado. Na sua avaliação, Barack Obama tem consciência de que quando se dirigir ao público norte-americano na próxima semana terá o poder de deixar a situação pior ou invertê-la. "O discurso sobre o Estado da União deverá ser no sentido de mostrar que as coisas estão começando a melhorar na América", disse ao Correio.

Imposto Enquanto isso, o Partido Democrata se mobiliza para capitalizar a polêmica envolvendo a declaração de Imposto de Renda de Romney. Pressionado pelos rivais de seu partido, o pré-candidato disse anteontem que paga cerca de 15% de imposto, uma taxa bem menor do que contribui a maioria dos norte-americanos, que teria sido obtida por meio de manobras permitidas por cortes de taxas propostos por Bush para agradar investidores. Romney, porém, disse que não divulgará sua declaração antes de abril, quando, provavelmente, sua candidatura já estará definida. O governador de Nova Jersey, Chris Christie, um dos principais aliados de Romney, uniu-se aos oponentes e pediu que ele divulgue sua renda.

De olho no impacto que a polêmica teve entre os eleitores da classe média, o Comitê Nacional Democrata enviou e-mails para a imprensa criticando Romney. "Se fosse um jogo nivelado, ele pagaria o mesmo que as famílias de classe média", dizia o texto do e-mail. "Mas Mitt não joga pelas mesmas regras que o resto de nós, e ele quer manter-se assim."