Título: Nobel da Paz se lança ao parlamento
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Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2012, Mundo, p. 19

Suu Kyi recebe flores de simpatizantes: disputa será em abril

A líder da oposição birmanesa, Aung San Suu Kyi, lançou ontem oficialmente sua candidatura a uma vaga no parlamento de Mianmar. Marcadas para 1º de abril, as eleições são encaradas pelas potências ocidentais como um sinal da seriedade das mudanças propostas pelo novo governo do país. Aos 66 anos, a prêmio Nobel da Paz foi saudada por um grupo de partidários que acompanhou o registrou de sua candidatura na circunscrição de Kawhmu, perto de Yangun, uma das áreas devastadas em 2008 pelo ciclone Nargis que deixou cerca de 138 mil mortos. "Vida longa a Aung San Suu Kyi", gritavam os simpatizantes.

"Aung San Suu Kyi é a primeira integrante da Liga Nacional para a Democracia (LND) a se registrar. Ela se candidatará à Câmara Baixa", disse Win Htein, líder do partido em que a Nobel da Paz fez toda a sua carreira política. "Eu garanto que as eleições serão livres e justas", disse na segunda-feira Shwe Mann, presidente da Câmara Baixa do parlamento e ex-número três da junta, em entrevista à agência France-Presse.

É a primeira vez que Suu Kyi, solta em 2010 após longo período em prisão domiciliar, concorrerá a um cargo eletivo. Em 1990, quando a LND humilhou o regime militar ao ganhar 392 cadeiras das 485 disputadas, ela já estava presa. O resultado das eleições nunca foi respeitado.

Suu Kyi ganhou a liberdade uma semana depois das eleições de novembro de 2010, quando a população foi convocada, pela primeira vez em 20 anos, a eleger os membros da Assembleia Nacional e Regional, em que 25% das vagas estão reservadas aos militares ativos. Na época, a junta militar, que estava no poder, criou um partido especialmente para as eleições e obteve uma vitória esmagadora. O processo foi denunciado pela comuniade internacional como um disfarce e por suspeitas de fraude.

Em março do ano passado, depois de quase duas décadas no comando do país, a junta se dissolveu e transferiu seus poderes para um governo "civil", controlado por ex-militares. O novo governo liderado pelo presidente Thein Sein realizou nos últimos meses reformas importantes. Centenas de presos políticos foram anistiados e a volta para a arena política de Suu Kyi, que passou a maior parte de sua vida sob custódia, foi liberada. E a LND, fechada em maio de 2010 por ter anunciado o boicote às eleições de novembro daquele ano, foi novamente reconhecida.

-------------------------------------------------------------------------------- adicionada no sistema em: 19/01/2012 02:38