Preidente do BNDES: empresas fizeram 'lambança' 
Danielle Nogueira
02/06/2017
 
 
Paulo Rabello diz que vai tratar com ‘rigor’ caso da JBS; juiz bloqueia R$ 800 milhões em contas de Joesley

O novo presidente do BNDES disse que tratará a JBS com rigor e que empresas como ela “fizeram lambança”. A Justiça bloqueou R$ 800 milhões de Joesley Batista. O novo presidente do BNDES, Paulo Rabello de Castro, elevou o tom e disse que vai tratar o caso JBS com “rigor”. Empossado ontem, no Rio, ele frisou que empresas como a JBS eram tratadas como “princesinhas” pelo banco e pelo governo no passado e que fizeram “lambança”.

As operações entre o BNDES e a JBS, que pertence à família Batista, são alvo da Operação Bullish da Polícia Federal, deflagrada no último dia 12. O banco de fomento fez aportes de R$ 8,1 bilhões na empresa entre 2007 e 2010, na gestão de Luciano Coutinho, contribuindo para que tenha se tornado a maior processadora de proteína animal do mundo.

A operação fez aumentar o desgaste de Maria Silvia Bastos Marques com o governo, que renunciou à presidência do BNDES na sexta-feira passada, antes de completar um ano no cargo. Ela também era criticada por empresários, que cobravam liberação de crédito, e por funcionários, que foram alvo de condução coercitiva no âmbito da Bullish.

— Vou tratar com o rigor que os controladores merecem e o carinho que a empresa e brasileiros que lá trabalham merecem — disse Paulo Rabello, ao responder sobre como vai tratar o caso JBS. — Essas empresas que hoje queremos linchar foram tratadas como as princesinhas do Brasil. Temos que recuperá-las para o Brasil e, se possível, afastar os controladores que, com recursos públicos, fizeram a lambança que fizeram. Não vamos jogar o bebê fora com a água do banho.

Ele assumiu o compromisso de, em 45 dias, fornecer detalhes das operações do banco de fomento com a JBS.

Paulo Rabello disse ainda que há “uma coincidência de parentesco" entre ele e seu genro, Bruno Gonçalves Luz, preso no âmbito da Lava Jato. Segundo investigações, ele atuava como lobista do PMDB na Petrobras. Rabello frisou ainda que não mantinha relações comerciais com ele.

Uma liminar determinou ontem o bloqueio de R$ 800 milhões de contas de Joesley por operações de câmbio feitas na véspera da divulgação das denúncias. A decisão é de Tiago Bitencourt de David, da 5ª Vara Federal Cívil em SP e atende a uma ação popular.

 

O globo, n. 30615, 02/06/2017. País, p. 5