Parte do PSDB deve romper com Temer na semana que vem

Maria Lima e Júnia Gama 

02/06/2017

 

 

Governo já prevê debandada, mas quer entendimento por reformas

-BRASÍLIA- O Palácio do Planalto já prevê uma debandada parcial do PSDB a partir da próxima semana, quando terá início o julgamento do processo de cassação da chapa presidencial no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para interlocutores do governo, é grande a chance de parte dos “cabeças pretas” do partido, como são chamados os parlamentares tucanos mais jovens, decidirem romper após o voto do relator do caso, ministro Herman Benjamin, provavelmente favorável à cassação da chapa Dilma-Temer.

Para o Planalto, o importante é que o PSDB mantenha apoio às reformas da Previdência e trabalhista no Congresso, mesmo que haja este desembarque de parte dos parlamentares. A avaliação, hoje, é que o PSDB está dividido e é possível conservar a aliança, mesmo que de forma mais discreta, com a cúpula do partido, com suporte às medidas governistas na Câmara e no Senado.

O governo aposta que não haverá um fechamento de questão no PSDB sobre a permanência na base. O mais provável, segundo interlocutores do presidente Michel Temer, é que deputados, senadores e diretórios estaduais sejam liberados para se posicionarem como preferirem em relação ao governo, desde que o partido esteja unido no apoio às reformas. Para fontes do governo, os paulistas do PSDB devem ser os primeiros a desembarcar, em um movimento comandado pelo governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que tenta preservar sua imagem para a eleição presidencial de 2018.

— Há um risco para o governo, mas, se não houver essa quebra da agenda parlamentar, é possível manter a governabilidade — diz um auxiliar de Temer.

Diante da pressão de deputados federais e estaduais para um rompimento, o presidente interino do partido, senador Tasso Jereissati (CE), disse ontem que, na semana que vem, independentemente do resultado do julgamento da chapa no TSE, o partido vai se reunir e tomar uma decisão sobre o rumo da aliança.

Tasso disse que há pressão e sua única diretriz como presidente interino é chegar a uma decisão que não rache o partido. Diferentemente de muitos deputados, os ministros e integrantes da cúpula defendem que o PSDB continue com o governo.

— Nós do PSDB vamos ter que tomar uma decisão, que eu não sei qual será, seja qual for o resultado do TSE. Semana que vem vamos nos reunir e resolver. O partido não pode se dividir. Vou fazer o possível e o impossível para que, na minha presidência interina, o PSDB não se divida — disse Tasso, que criticou ainda eventuais manobras no governo para que haja um pedido de vista e arraste o julgamento do caso no TSE. 

 

O globo, n. 30615, 02/06/2017. País, p. 5