PSB fecha posição contra PEC da Previdência e mudanças trabalhistas

Vandson Lima

25/04/2017

 

 

A cúpula do PSB aprovou, em reunião ontem, posicionamento oficial contra as reformas mais importantes propostas pelo governo do presidente Michel Temer. A decisão coloca em xeque a permanência no cargo do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, filiado à sigla.

Os integrantes da cúpula do partido aprovaram fechamento de questão contra as reformas da Previdência Social e da legislação trabalhista, que tramitam no Congresso Nacional. De acordo com o estatuto do PSB, parlamentares serão cobrados a votar de acordo com a decisão, estando sujeitos a punições, como advertência e até expulsão da legenda, para os insurgentes.

Se todos seguirem a orientação, o PSB depositará 35 votos de deputados e sete votos de senadores para derrubar as propostas de reforma do governo.

A conta, no entanto, não é tão simples. Apesar da ampla maioria da Executiva contra as reformas, as votações mostraram um racha considerável no PSB. Líderes no Senado e na Câmara, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE) e a deputada Tereza Cristina (MS), por exemplo, foram contra as resoluções - são eles os responsáveis por orientar as bancadas. Cristina, tão logo deixou a reunião, foi chamada a ir ao Ministério da Casa Civil para uma conversa.

"Esse partido não é trem descarrilhado, que se entra sem saber para onde ir", afirmou o presidente do PSB, Carlos Siqueira, reiterando que os parlamentares serão lembrados que devem seguir a orientação partidária.

Para Siqueira, "nem o regime militar teve a ousadia de propor uma reforma de natureza conservadora e liberal como Temer propôs com a reforma trabalhista. Será Temer, sem nem um voto, que fará isso?", desafiou. Além de eventuais sanções na sigla, Siqueira disse que os deputados e senadores estão sujeitos "à maior punição, que será dos próprios eleitores. Ninguém ignora que são reformas extremamente impopulares e a população não concorda com elas".

Questionado se o partido está migrando para a oposição ao governo do presidente Michel Temer, Siqueira, no entanto, tergiversou: "Tirem as conclusões quer desejarem. As decisões são claras". Mais direto, o vice-presidente Beto Albuquerque (RS) disse: "É prudente que o Palácio do Planalto comece a contabilizar os votos a menos".

Líder do PSB no Senado e pai do ministro de Minas e Energia, o senador Fernando Bezerra Coelho (PE) afirmou que ele e o ministro deixam Temer "à vontade" para uma eventual substituição. "O cargo está sempre à disposição. O ministro tem mantido estreita conversa com o presidente para deixa-lo à vontade", apontou. Ele lembrou que a indicação de Coelho Filho foi feita pelas bancadas da sigla na Câmara e no Senado. Por isso, a saída do ministro só faz sentido, alega, se estas se posicionarem contra as reformas. "Caberá às bancadas deliberarem se vão acatar ou não a decisão da Executiva. Se não respaldarem as matérias que são importantes para o governo, precisa deixá-lo à vontade, no sentido de ter uma equipe ministerial que possa contribuir para a aprovação de suas matérias".

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4241, 23/04/2017. Brasil, p. A6.