Título: Área central monitorada
Autor: Laboissière, Mariana
Fonte: Correio Braziliense, 19/01/2012, Cidades, p. 25
Até dia 25, GDF pretende instalar 37 câmeras em locais como os setores hoteleiros Sul e Norte e a Rodoviária do Plano Piloto a fim de coibir crimes. Vigilância será ininterruptaNotíciaGráfico
Em menos de uma semana, a área central de Brasília, por onde passam aproximadamente 1 milhão de pessoas por dia, será tomada por câmeras. Essa é a promessa do Governo do Distrito Federal (GDF), que adquiriu 37 equipamentos móveis e fixos para instalar em pontos estratégicos da área. A empreitada custou, segundo representantes da Secretaria de Segurança Pública do DF (SSP-DF), em torno de R$ 900 mil e faz parte de um projeto maior, em parceria com o Governo Federal, orçado em R$ 18 milhões. Ele prevê a instalação de 900 câmeras em todo o Distrito Federal no prazo de quatro anos. Setores hoteleiros Sul e Norte, Torre de TV e Rodoviária do Plano Piloto são alguns dos espaços que receberão os aparelhos.
Representantes de hotéis informaram ter recebido visita técnica de integrantes da Secretaria, mas confirmaram que os equipamentos ainda não foram instalados. O secretário de Segurança em exercício, Suany Santana, explicou que, apesar de o processo ter começado em alguns pontos, não foi finalizado devido ao mau tempo no DF. "Com a chuva, os profissionais não puderam dar prosseguimento ao trabalho, mas estamos em fase final no anexo do Palácio do Buriti. Na Torre de TV, foi colocada nossa repetidora de sinal, que enviará os dados para nossa central. Até o dia 25, a empresa contratada garantiu que tudo estará fixado", justificou.
A área central de Brasília foi escolhida como espaço para as primeiras experiências de monitoramento, segundo Santana, por conta do intenso tráfico de drogas na região. Ele citou ainda delitos praticados contra turistas. Em novembro de 2011, o Correio divulgou dados oficiais da pasta. Eles mostravam que apreensão ou porte de drogas e furto a veículos figuravam entre os crimes de maior incidência na região, entre janeiro e setembro do ano passado, com 249 e 222 casos, respectivamente. "Trabalhamos em consonância ao programa de erradicação do crack e sabemos que esse problema existe ali. Mas não será a única área de atuação. Em seguida, instalaremos câmeras no centro de Taguatinga e de Ceilândia", adiantou Santana. Os equipamentos adquiridos têm zoom de 18x, o que, na prática, significa dizer que eles possuem capacidade de avistar a placa de um carro num raio de 3 quilômetros de distância.
Turistas inseguros O presidente da Associação Brasileira de Indústrias de Hotéis de Brasília (Abih), Tomas Ikeda, informou que a compra das câmeras é um pleito de mais de 10 anos dos empresários do setor. Ele citou alguns empreendimentos que receberão os aparelhos, como Garvey Park Hotel, San Marco, Torre Palace, Meliá e Bonaparte. "Após algumas reuniões com o governo, nos foi informado que seriam instaladas aproximadamente 12 (câmeras) no Setor Hoteleiro. E eles prometeram funcionamento até o fim deste mês", detalhou. "Os incidentes de roubo na região são preocupantes. Os principais alvos são funcionários dos hotéis e turistas. Acontece que nem 20% das ocorrências são registradas. Os hóspedes simplesmente vão embora indignados", relatou.
O gerente do Bonaparte Hotel e também vice-presidente da Abih, Plínio Mendes Rabello, reforça a posição do colega. Segundo ele, furtos, assaltos e uso de drogas nas adjacências dos setores hoteleiros Sul e Norte já viraram rotina. "Precisamos de um espaço tranquilo e não temos isso. Os turistas não podem andar à pé até o shopping, que é aqui do lado, porque realmente é perigoso", afirmou. "Infelizmente, não temos a contrapartida do Estado há muito tempo. Parece que agora vai melhorar, mas só acredito quando as câmeras estiverem, de fato, instaladas." O Bonaparte possui 16 andares. O terraço do prédio foi um dos locais visitados pela equipe técnica da Secretaria de Segurança Pública e, segundo Plínio, será um dos pontos de instalação.
A base de monitoramento funcionará na Central Integrada de Atendimento e Despacho (Ciade), da SSP-DF, onde são recebidas as chamadas do 190. Nela, haverá três pontos com dois monitores cada um, além de telão para observação das imagens dos setores hoteleiros Sul e Norte, de diversões Sul e Norte e Eixo Monumental. A vigilância será ininterrupta, segundo representantes da pasta: 24 horas, todos os dias da semana. Foram firmadas parcerias com algumas entidades e empresas que já possuem câmeras, no sentido do compartilhamento de imagens. Esse é o caso do Conic e do Conjunto Nacional.
O povo fala
Você acha necessária a instalação de câmeras de monitoramento na área central de Brasília? Juliene Batista de Souza, 18 anos, técnica de nutrição
"Sim. Tudo que envolve segurança é bem-vindo. À noite, principalmente, essa área é perigosa. Trabalho aqui e sei muito bem disso. Uma vez, ouvi falar até de casais fazendo sexo em paradas de ônibus, sem falar na questão dos usuários de drogas"
Antônio Wilson Brito, 39 anos, administrador
"Sou totalmente a favor do "Big Brother". Por ser uma área onde há vários hotéis, acho importante. Além de trabalhadores, há os turistas. Essa pode ser uma tentativa de dizer: aqui tem segurança"
Douglas Razabone, 33 anos, engenheiro civil
"Se houver o devido monitoramento, acho muito válido. Em Londres, na Inglaterra, há câmeras espalhadas por toda parte. Por que não aqui? Na verdade, acho que passou da hora de a capital do Brasil investir nesse tipo de tecnologia"
Luciano Almeida, 35 anos, técnico em edificações
"Eu apoio. Tive uma conhecida sequestrada nessa área e isso não tem muito tempo. Existe um histórico de criminalidade nessa região. Além de usuários de drogas, há prostituição e outras atividades que facilitam o quadro"