Cabral quer dom Orani como testemunha

Juliana Castro

23/06/2017

 

 

Defesa de ex-governador do Rio também pretende convocar reverendo evangélico A assessoria de imprensa do arcebispo informou que ele ficou sabendo do fato pela imprensa e não recebeu intimação, assim como o reverendo

O ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB) apresentou sua defesa prévia no processo da Operação Fatura Exposta. No documento, seus advogados listam as testemunhas que gostariam que fossem ouvidas “por serem imprescindíveis ao exercício da ampla defesa.” Entre elas estão o arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e o reverendo Isaías Maciel, da Ordem dos Ministros Evangélicos do Brasil.

No documento de 22 páginas os advogados do ex-governador não explicam os motivos pelos quais arrolou essas testemunhas. O advogado do ex-governador, Luciano Saldanha, afirmou que a defesa não vai se manifestar sobre as testemunhas antes que elas sejam ouvidas em juízo. Cabe ao juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas, deferir as testemunhas a serem ouvidas. Se isso acontecer, elas são obrigadas a comparecer.

A assessoria de imprensa do arcebispo informou que dom Orani ficou sabendo do fato pela imprensa e não recebeu nenhuma intimação, assim como o reverendo.

Na Operação Calicute, Cabral convocou o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) para depor como testemunha de defesa. Na Operação Eficiência, ele desistiu da oitiva do governador do Rio.

A Operação Fatura Exposta prendeu o ex-secretário de Saúde Sérgio Côrtes e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. Eles são acusados de integrar, junto com o ex-governador, um esquema que desviou pelo menos R$ 300 milhões da Saúde do estado entre 2006 e 2017.

A defesa do ex-governador alega que o Ministério Público Federal (MPF) fez uma denúncia genérica:

“Fica difícil superar a perplexidade, tamanha a artificialidade da argumentação ministerial! Isto porque o MPF sustenta que o defendente (Cabral) teria recebido vantagem indevida em razão do exercício do mandato de Governador; porém, o faz de forma genérica, em nenhum momento indica provas desses supostos atos, apenas reproduz as declarações dos colaboradores.”

Na defesa que apresentaram no processo da Operação Fatura Exposta, os advogados de Cabral reclamam de cerceamento de defesa, alegando que só têm falado com o cliente por meio de um parlatório, sem privacidade, e afirma que o Justiça Federal não tem a competência para julgar o caso.

Preso desde novembro do ano passado, Cabral já foi condenado pelo juiz Sergio Moro a 14 anos e dois meses de prisão por lavagem de dinheiro e corrupção e responde a outros dez processos na 7ª Vara Federal Criminal do Rio. O ex-governador está preso na cadeia pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, local que abrigava o Batalhão Especial Prisional (BEP).

 

O globo, n. 30636 , 23/06/2017. PAÍS, p. 6