Fachin tira Rocha Loures da Papuda para evitar risco

André de Souza

14/06/2017

 

 

Ex-assessor de Temer alega que sua vida está ameaçada; relator da Lava-Jato o manda para carceragem da PF

O ministro Edson Fachin, relator dos processos da Operação Lava-Jato no STF, determinou a transferência de Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer, do complexo penitenciário da Papuda para a carceragem da Polícia Federal (PF), em Brasília, depois de o investigado alegar que sua vida estava sob risco na Papuda.

Rocha Loures tinha solicitadas a transferência para a prisão domiciliar e a designação de uma equipe da PF para protegê-lo. Fachin considerou os fatos graves, mas não aceitou os pedidos. Em vez disso, determinou a transferência para a carceragem da PF. Também encaminhou as informações ao Ministério Público Federal (MPF) para investigação.

“Os fatos narrados, ainda que não estejam desde logo embasados em elementos probatórios que lhes deem suporte, são graves o suficiente para que se dê ao menos notícia ao Ministério Público a quem incumbe, no âmbito de suas atribuições, deflagrar instrumentos voltados à respectiva apuração. Por essa razão, determino remessa dos autos ao Ministério Público Federal para manifestação”, escreveu Fachin.

No pedido, Rocha Loures citou reportagem publicada em 6 de junho, pelo jornal “Correio Braziliense”, com o título “Quanto Vale a Vida de Rodrigo Rocha Loures?”, que, na sua avaliação, tem a “intenção de provocar e pressionar tanto o investigado como a sua família, deixando todos extremamente preocupados”.

Alegou também que, em 8 de junho, o seu pai recebeu um telefonema de um conhecido da família dizendo que sua vida corria risco se não concordasse com uma delação premiada. Isso porque o interior de prisões é local “propício para se encaminhar ‘um matador,’ um executor de sua execução”. Na opinião da defesa, os delatores da JBS, cujos depoimentos e provas embasaram a prisão de Rocha Loures, podem infiltrar alguém no sistema penitenciário. Disse também que “setores da oposição podem lançar mão de expediente semelhante”. A defesa pediu que o caso ficasse sob sigilo, mas Fachin não viu motivo e tornou sua decisão pública.

O globo, n.30627 , 14/06/2017. PAÍS, p. 5