EDUARDO BRESCIANI
“Se recorda também de uma tentativa de inclusão do advogado José Yunes, por indicação do presidente Michel Temer, para intermediar um acordo com uma empresa em disputa judicial em andamento contra o grupo J&F, e que renderia ao escritório de José Yunes cerca de R$ 50 milhões; Que o acordo não foi para a frente, mas quem ficou designado para tratar foi Francisco de Assis, do jurídico da J&F, no entanto este não sabia que se tratava de um pedido do Presidente Michel Temer”, registra o extrato do depoimento de Joesley prestado no dia 16 de junho.
YUNES DIZ NÃO PRECISAR DE INDICAÇÃO
Temer negou que tenha feito a indicação ao empresário. “O presidente não solicitou a Joesley Batista a contratação de José Yunes como advogado do grupo empresarial J&F”, diz nota enviada pela assessoria da Presidência.
Advogado de Yunes, José Luís Oliveira Lima afirma em nota nunca ter atuado para o grupo de Joesley. Ressalta ainda ter mais de 50 anos de advocacia e não precisar desse tipo de indicação. “O Dr. José Yunes tem mais de 50 anos de advocacia e jamais necessitou de qualquer interferência para atuar em demandas judiciais. Nunca atuou como advogado em processo envolvendo a J&F ou JBS”, afirma a nota.
Yunes foi assessor especial de Temer até dezembro do ano passado. Ele deixou o cargo depois de seu nome ter aparecido em um vazamento da delação de Cláudio Melo Filho, ex-diretor da Odebrecht, como tendo recebido propina da empresa. Em fevereiro deste ano, Yunes procurou o Ministério Público e admitiu ter recebido um pacote do doleiro Lúcio Funaro em seu escritório a pedido do ministro Eliseu Padilha (Casa Civil). Ele disse não saber se no pacote havia dinheiro. A Odebrecht diz que essa entrega foi um dos pagamentos de propina negociados pelo ministro.
No depoimento, Joesley relatou que o presidente teria feito pressão sobre o BNDES para atender a um pleito da empresa. Relatou ainda que um acordo feito entre a Petrobras e uma térmica de sua propriedade em abril deste ano só ocorreu após o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) ter sinalizado para a estatal que daria ganha de causa para a térmica. Tal sinalização ocorreu depois da conversa de Joesley com Temer e da atuação do ex-assessor da Presidência Rocha Loures, que está preso. O Cade nega qualquer irregularidade no processo.