Título: Remessas elevadas
Autor:
Fonte: Correio Braziliense, 25/01/2012, Economia, p. 9

A crise internacional bateu forte no caixa de empresas com filiais espalhadas pelo mundo e a ordem tem sido remeter o máximo de lucros às matrizes. Segundo cálculos do Banco Central, a diferença entre tudo o que essas companhias enviaram para suas firmas no Brasil e o que foi mandado para fora deixou um saldo negativo de US$ 38,1 bilhões em 2011. O câmbio também favoreceu essas remessas, sobretudo até meados de agosto, quando bateu na casa do R$ 1,50. Para essas empresas, quanto mais baixa a cotação do dólar, mais da divisa norte-americana é possível comprar, o que maximiza os lucros.

As projeções do BC para 2012 mostram que essas companhias não pretendem tirar o pé do acelerador e devem remeter para casa US$ 39,6 bilhões neste ano. "Se elas estão gerando lucros e remetendo para fora, isso significa que estão gerando emprego, renda e impostos. O aumento das remessas não foi o que determinou o deficit nas transações correntes", minimizou Túlio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC.

"Essas empresas vão tirar de onde têm lucro para melhorar seus fluxos de caixa", observou Jason Vieira, economista da corretora Cruzeiro do Sul. Os países que mais fizeram resgates foram Holanda (US$ 6,6 bilhões), Espanha (US$ 4,7 bilhões), Estados Unidos (US$ 4,7 bilhões) e Alemanha (US$ 1,4 bilhão). As companhias que mais remeteram recursos para o exterior são da indústria, sobretudo automotiva e de produtos químicos, além das inseridas nos ramos de serviços, principalmente financeiro, telecomunicações e eletricidade. (VM)