O Estado de São Paulo, n. 45096, 06/04/2017. Economia, p. B1

Placar indica dificuldade do governo para conseguir aprovar a reforma

Segundo levantamento do ‘Estado’, número de deputados contrários à reforma previdenciária hoje é bem maior que o de favoráveis

 

BRASÍLIA

 

Levantamento feito pelo ‘Estado’ na Câmara dos Deputados mostra que o governo Michel Temer terá muita dificuldade para aprovar a reforma da Previdência, principal aposta do Planalto para colocar a economia brasileira nos trilhos de maneira sustentável.

Hoje, até mesmo uma proposta com regras mais brandas para a concessão de aposentadorias e pensões é rejeitada pelos parlamentares.

Conforme o placar, 251 deputados são contra a proposta da reforma, enquanto 95 se dizem favoráveis de forma total ou parcial ao texto apresentado pelo governo. Os votos contrários são 46 a mais que o máximo permitido para que o texto seja aprovado – são necessários 308 votos a favor, o equivalente a três quintos dos 513 deputados.

A previsão do governo é votar a reforma ainda neste semestre.

Cerca de 20 repórteres do Estado entraram em contato com os parlamentares, que tinham as seguintes opções de resposta: a favor da proposta, a favor com quatro opções de ressalva, contra, prefere não responder, indeciso ou ausente.

Foram ouvidos, até ontem à noite, 436 deputados, 85% da Câmara.

Apenas 11 disseram que são favoráveis ao texto da forma como foi enviado pelo governo.

No total, 95 parlamentares afirmaram estar dispostos a aprovar a reforma da Previdência, sendo que para 84 é preciso mudar pontos-chave.

A divulgação do Placar da Previdência teve impacto no mercado financeiro. A Bolsa intensificou o ritmo de queda: o Ibovespa, índice com ações das principais companhias do mercado brasileiro, caiu abaixo dos 65 mil pontos por volta das 16h15 e encerrou o pregão em queda de 1,51%, aos 64.774,76 pontos.

 

Resposta. Assim que foi publicado, representantes do governo vieram a público tentar transmitir confiança aos investidores. Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, o governo ainda tem muito trabalho pela frente para convencer os deputados sobre a importância de se aprovar a reforma da Previdência. Segundo ele, não será uma vitória “estrondosa”, mas a reforma passará.

“Temos de ganhar e vamos ganhar.” “Coração” da proposta, a idade mínima de 65 anos para se aposentar é rejeitada pelos deputados.

Dos 95 que se mostraram favoráveis à reforma, ainda que com ressalvas, 68 disseram ser favoráveis a uma idade menor para as mulheres e 52 defenderam uma exigência menor para os homens. Os deputados querem afrouxar também a exigência de 49 anos de contribuição para ter direito ao benefício integral (75 deputados querem suavizar essa regra).

Para aprovar a reforma, 74 deputados querem uma regra de transição para homens com menos de 50 anos e mulheres com menos de 45 anos, que só se aposentarão com 65 anos, caso o texto do governo for aprovado.

A proposta cria uma regra de transição apenas para homens com 50 anos ou mais e mulheres com 45 ou mais. Para se aposentar, o governo propõe que essas pessoas paguem pedágio de 50% do tempo de contribuição restante.

 

Impacto

1,51%

foi a queda do Ibovespa ontem, motivada em parte pelos números do Placar da Previdência, que apontam o tamanho do desafio que o governo terá para aprovar a reforma

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‘Placar’ traz posição dos deputados em tempo real

 

O ‘Placar da Previdência’, lançado pelo Estado, é uma ferramenta que traz, em tempo real, no Portal Estadão, a intenção de voto dos deputados em relação à reforma. É mais uma das ferramentas do ‘Placar Estadão’ (infograficos.

estadao.com.br/public/ especiais/placar/), um agregador de votações importantes do Congresso Nacional. Ele permite que os leitores acompanhem votações em andamento em Brasília com a posição de cada deputado e senador sobre determinada pauta.

A cada grande votação, os parlamentares estarão listados com fotos e o leitor poderá pesquisar como cada um pretende votar.

Além da explicação sobre o tema em questão, a plataforma dispõe de filtros que permitem a visualização por Estado, partido ou posição.

A ferramenta já foi usada nas votações do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff e da cassação do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha.

Além de poder navegar pela lista de parlamentares, a plataforma também é interativa: o leitor poderá enviar um e-mail para o parlamentar que desejar e cobrar um posicionamento, além fazer comentários. Parlamentares também poderão enviar um vídeo defendendo a sua posição