PSDB quer que senador desista de comando da legenda

Maria Lima 

21/06/2017

 

 

Tasso Jereissatti diz que legenda não pode seguir na indefinição

-BRASÍLIA- Após o Supremo Tribunal Federal adiar o julgamento do pedido de prisão do senador afastado Aécio Neves (MG) e retirar a irmã dele Andréa da cadeia (ela foi para a prisão domiciliar), a cúpula do PSDB voltou a trabalhar para que ele deixe definitivamente a presidência da legenda, da qual está licenciado. Aliados do senador esperam convencê-lo a renunciar ao posto, e a área jurídica do partido já estuda uma alternativa para a efetivação do senador Tasso Jereissatti (CE), que ocupa a presidência interinamente.

Tasso reafirmou ontem que o partido não pode continuar com essa indefinição por muito mais tempo. Na opinião do senador, se o STF rejeitar o recurso para Aécio retomar o mandato, que é o cenário mais provável, este não terá condições de retomar a presidência do PSDB.

— Estamos analisando alternativas. Uma delas é que não precisa uma convenção nacional para renovar o comando do partido. Se Aécio ficar afastado, se o Supremo não acatar seu recurso para retomar o mandato, ele não tem como ter vida partidária — disse Tasso.

O presidente interino avalia que a decisão do STF de mandar a irmã de Aécio para casa dará tranquilidade ao senador para refletir sobre as questões do partido.

— Claro que não (pode continuar com indefinição). É bom que o Aécio esteja mais tranquilo, mais sossegado, para tomar algumas decisões. Tirando o peso da irmã que sai da cadeia, ele pode focar nisso aí. Mas é difícil falar por ele — disse Tasso.

TENTATIVA DE CONVENCIMENTO

Em função da suspensão do julgamento do pedido de prisão de Aécio, e da parca presença de tucanos em Brasília esta semana, a direção do PSDB adiou para a quinta-feira da próxima semana a reunião da Executiva Nacional para discutir a troca definitiva de comando do partido. O encontro estava marcado originalmente para hoje.

De acordo com dirigentes tucanos, caso Aécio renuncie ao mandato de presidente da legenda, que termina em maio do ano que vem, não seria necessário convocar uma convenção nacional. Bastaria o Diretório Nacional escolher uma nova executiva e seu novo presidente.

Um grupo de senadores tenta convencer Aécio a renunciar, mas ele continua achando que perderia força em sua defesa se for abandonado pelo partido.

 

O globo, n. 30634, 21/06/2017. País, p. 5