Dino representou o Ministério Público no processo que pedia a cassação da chapa DilmaTemer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ele se desgastou com o presidente da Corte, Gilmar Mendes, ao pedir, no terceiro dia de julgamento, o impedimento do ministro Admar Gonzaga, que atuou na campanha da chapa em 2010. O pedido foi negado, e Admar foi um dos quatro ministros que votaram para absolver o presidente. O placar final foi 4 a 3 pró-Temer.

Além da atuação no TSE e da ligação com Janot, outra ressalva feita no Palácio do Planalto é o fato de ele ser irmão do governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). Por esse motivo, haverá forte resistência do ex-presidente José Sarney, um dos principais aliados de Temer.

Desde 2003, tem sido nomeado pelo presidente da República o nome mais votado da lista da ANPR. A entidade defende que a escolha com base na lista dá legitimidade ao indicado para ter liderança sobre seus pares. O nome que vier a ser escolhido pelo presidente será sabatinado pelo Senado e precisará de votos de 41 dos 81 senadores para ser confirmado.

Diante das diversas resistências a Dino, o governo já vinha planejando uma mudança de discurso sobre a indicação. Logo após tomar posse, ainda como interino, Temer divulgou uma nota por sua assessoria dizendo que indicaria o primeiro da lista. Posteriormente, evitou se comprometer e disse apenas que respeitaria a lista. Mais recentemente, o ministro da Justiça, Torquato Jardim, sinalizou que listas elaboradas por outras associações podem ser considerados.

RAQUEL DODGE É A PRINCIPAL OPOSITORA DE JANOT

Segunda colocada na escolha feita pela ANPR, Raquel Dodge tem apoio de Sarney e outros caciques do PMDB. Ela também tem boa relação com Torquato e Gilmar Mendes. Raquel se transformou recentemente na principal opositora de Janot na instituição, tendo recentemente liderado movimento do Conselho Superior do Ministério Público Federal que visava a restringir a movimentação de procuradores, o que afetaria os trabalhos do gabinete do procurador-geral, inclusive do grupo de trabalho da Lava-Jato.

Raquel se notabilizou nas investigações do escândalo denominado Caixa de Pandora, que levou à prisão, em 2009, o então governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Até hoje, porém, as ações penais não foram concluídas.

Bonsaglia, por sua vez, era considerado um nome preferido por Temer. Ele é visto por interlocutores do presidente como mais “previsível” do que Raquel, seria um nome mais aberto ao diálogo e com posições moderadas se comparado a Janot.

Participaram da eleição 1.108 procuradores, um quórum de 85%. O presidente da entidade, José Robalinho Cavalcanti, tem reiterado que a entidade encaminha três nomes e se sentiria representada caso a escolha recaia sobre qualquer um deles.

O globo, n.30641 , 28/06/2017. PAÍS, p. 10