Rede consegue recurso para desengavetar cassação de Aécio

Maria Lima

28/06/2017

 

 

Senador obteve cinco assinaturas; presidente do Conselho de Ética é internado

Horas depois de o senador Randolfe Rodrigues (RedeAP) protocolar um recurso contra o arquivamento da representação que pede a cassação do senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), o presidente do Conselho de Ética do Senado, João Alberto de Souza (PMDBMA), foi internado às pressas ontem no Hospital das Forças Armadas (HFA) para se submeter a uma cirurgia no coração.

Segundo sua assessoria, João Alberto passou mal com tonturas e desaceleração cardíaca e se submeteria a uma cirurgia para colocação de um marcapasso. O procedimento começou a ser feito no fim da tarde, mas ainda estava em curso no fechamento desta edição.

Sob pressão no comando do Conselho, João Alberto teve contestada sua decisão de arquivar, monocraticamente, o pedido de cassação do mandato de Aécio. Segundo o presidente, faltavam provas suficientes para a admissibilidade da representação. O recurso protocolado por Randolfe para a reabertura do caso no plenário do Conselho foi apoiado por cinco senadores titulares da comissão: João Capiberibe (PSBAP), José Pimentel (PT-CE), Pedro Chaves (PSC-MS), Lasier Martins (PSD-RS) e Antônio Carlos Valadares (PSB/SE).

Segundo a assessoria de João Alberto, antes de ser internado o presidente do conselho informou que iria cumprir o regimento e convocar reunião do colegiado com 48 horas de antecedência para a votação do recurso da Rede. Caso o plenário do conselho decida pela reprovação do recurso, a representação é arquivada em definitivo no Conselho de Ética.

Caso o plenário aprove o recurso, a representação contra o senador Aécio Neves é admitida automaticamente, e o presidente deverá notificar o representado para apresentar defesa prévia no prazo de dez dias úteis.

A defesa de Aécio divulgou nota ontem afirmando que “reitera que as afirmações feitas por criminosos confessos não devem ser tratadas como prova” e afirmou que “as investigações mostrarão que o empréstimo de R$ 2 milhões, oferecido por Joesley Batista a Aecio não envolveu recursos públicos e muito menos propina”, sem crime.

O globo, n.30641 , 28/06/2017. PAÍS, p. 10