Líder do PSDB, Aécio é alvo de 5 inquéritos

Breno Pires e Fábio Fabrini

12/04/2017

 

 

Fachin autorizou a abertura de investigação contra 6 senadores do PSDB

 

 

 

O ministro Edson Fachin autorizou a abertura de inquéritos contra seis senadores tucanos, com base nos depoimentos de delatores da Odebrecht. Presidente nacional do PSDB e candidato derrotado à Presidência em 2014, Aécio Neves (MG) é alvo de cinco dessas investigações.

Além de Aécio, também são alvo José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG), Cássio Cunha Lima (PB), Ricardo Ferraço (ES) e Dalírio Beber (SC).

Em um dos pedidos, requereu- se investigação sobre Aécio e Anastasia, seu aliado, por suspeita de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Os colaboradores revelaram que, em 2010, a pedido de Aécio, pagaram R$ 5,4 milhões em “vantagens indevidas” para a campanha de Anastasia ao governo de Minas.

Os delatores contaram ainda que, também por solicitação de Aécio, quando ainda era governador, desembolsaram em 2009 R$ 1,8 milhão para a campanha de Anastasia. Em 2014, a pedido de Aécio, haveria pagamento de caixa 2 para a campanha dele e de vários outros parlamentares, como Anastasia, o próprio Dimas e o ex-ministro Pimenta da Veiga.

Há ainda um terceiro pedido de investigação por outros repasses eleitorais em 2014. Janot solicitou um quarto inquérito para apurar indícios de corrupção, formação de cartel e fraude a licitações na construção da Cidade Administrativa, nova sede do governo mineiro. Um quinto pedido de inquérito se refere ao pagamento de suborno para que Aécio favorecesse interesses da Odebrecht, em conluio com a Andrade Gutierrez, nas obras das usinas de Rio Madeira, Santo Antônio e Jirau.

 

Serra. Fachin autorizou que o senador José Serra (SP) seja investigado juntamente com o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, senador licenciado, por suposto recebimento de propina nas obras do Rodoanel paulista.

Eles foram citados por sete delatores.

Os colaboradores relataram que Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Serveng Civilsan, OAS, Mendes Junior, Queiroz Galvão, CR Almeida, Constran e Odebrecht fizeram conluio para fraudar a licitação.

Os colaboradores também narram a ocorrência de solicitação de vantagem indevida, a pretexto de doação eleitoral, pelo então chefe da Casa Civil do governo de São Paulo, Aloysio Nunes – no valor de R$ 500 mil.

Fachin também autorizou a abertura de inquéritos contra Cássio Cunha Lima. Em 2014, tucanos apontam que o tucano solicitou e recebeu o valor de R$ 800 mil. O pagamento foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht e lançado nas planilhas de propinas em nome de “Prosador”.

Houve também pedido de inquérito sobre o senador Ricardo Ferraço (ES). Eles contaram ter pago caixa 2 de R$ 400 mil para a campanha do tucano ao Senado em 2010, sob o codinome “Duro” nas planilhas da Odebrecht. Janot requereu ainda inquéritos contra Dalírio José Beber (SC). Ele teria participado de uma reunião para entabular repasse de R$ 500 mil a um aliado. 

 

Tucanos. Os senadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG) foram candidatos à Presidência pelo PSDB em 2010 e 2014, respectivamente

 

Razão

Marcelo Odebrecht disse ainda que Aécio tinha forte influência na área energética, pois o governo mineiro controlava a Cemig, uma das sócias de Santo Antônio. Por isso, segundo ele, o grupo concordou com os pagamentos.

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Presidente do PSDB fala em ‘desmascarar mentiras’

Daiene Cardoso

12/04/2017

 

 

Aécio afirmou que é importante o Supremo colocar fim ao sigilo das delações dos executivos do Grupo Odebrecht

 

 

O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), em nota divulgada ontem, afirmou considerar importante o fim do sigilo do conteúdo das delações premiadas de executivos e ex-executivos da Odebrecht. Ele será investigado em cinco inquéritos autorizados pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin, a pedido do procurador- geral da República, Rodrigo Janot.

Na nota, o tucano, candidato a presidente da República derrotado nas eleições de 2014, disse que ele pediu a Fachin, relator da Operação Lava Jato no STF, a quebra dos sigilos e agora “será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de sua conduta”. Aécio será alvo de cinco inquéritos sob a acusação de recebimento de propinas e doações de caixa 2 à empreiteira.

O ministro-relator autorizou a abertura de inquéritos contra seis senadores tucanos, com base nos depoimentos de delatores da Odebrecht.

Além de Aécio, também são alvo José Serra (SP), Antonio Anastasia (MG), Cássio Cunha Lima (PB), Ricardo Ferraço (ES) e Dalírio Beber (SC).

Há também um pedido de investigação sobre o tucano Eduardo Amorim (SE) e a senadora Maria do Carmo Alves (DEM-SE), pendente de manifestação de Janot para que Fachin decida a respeito.

Os investigados são acusados de recebimento de doações de campanha irregulares e também propina. A Odebrecht, nas delações, afirmou ter atendido a pleitos de políticos em troca de contratos com o setor público.

 

Bancada. A bancada do PSDB na Câmara também divulgou nota, na qual defende que o País não fique paralisado com a divulgação da lista. “É fundamental, todavia, que o trabalho das instituições não paralise o País. Há uma agenda de reformas pendente no Congresso e elas são cruciais para a reativação da economia e a geração de emprego”, disse a mensagem assinada pelo líder Ricardo Tripoli (SP). “A bancada do PSDB na Câmara reafirma sua confiança na Justiça e nas instituições.

O fim do sigilo das investigações permitirá que os citados exerçam plenamente o direito de defesa e que a verdade, enfim, prevaleça”, completou a nota. 

 

Defesa

“Será possível desmascarar as mentiras e demonstrar a absoluta correção de sua conduta”

Aécio Neves

SENADOR DO PSDB (MG), ALVO DE CINCO INQUÉRITOS NA LISTA DE FACHIN

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Jucá tinha ‘relação próxima’ com Odebrecht, diz delator

Alexandre Hisayasu e Vitor Tavares

12/04/2017

 

 

 

 

Senador teria recebido R$ 4 milhões; relator das medidas anticorrupção, Ônix Lorenzoni é acusado de levar R$ 175 mil

 

 

Marcelo Odebrecht e mais dois executivos da empreiteira afirmaram, em depoimentos à Procuradoria- Geral da República (PGR), que o senador Romero Jucá (PMDB-RR) recebeu R$ 4 milhões por ter trabalhado pelos interesses do grupo junto ao poderes Legislativo e Executivo.

Jucá e o senador Aécio Neves (PSDB-MG) são os mais citados, com cinco inquéritos.

Segundo os delatores, Jucá – que foi ministro do Planejamento de Michel Temer – sempre teve uma relação “próxima” ao Grupo Odebrecht. Ele teria pedido dinheiro após conseguir a aprovação, em 2012, da Resolução 72 no Senado, que acabou com incentivos fiscais locais e estabeleceu cota interestadual única de ICMS para produtos importados que, na época, eram mais baratos do que os mesmos produtos fabricados no Brasil. A iniciativa acabou com a chamada “guerra dos portos”, segundo os depoimentos.

Antes de chegar a Jucá, Marcelo Odebrecht e Cláudio Melo Filho fizeram contatos com os ministros Guido Mantega, Jacques Wagner e Fernando Pimentel, e também com a presidente Dilma Rousseff. Com Jucá, ocorreram encontros da cúpula da Odebrecht com outros senadores e, assim, segundo os delatores, conseguiram a aprovação da resolução. O senador cassado Delcídio Amaral (sem partido-MS) procurou um dos executivos para “cobrar” pelo seu empenho na aprovação da medida e recebeu R$ 500 mil.

Ao Estado, Jucá disse: “Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação”. Afirmou ainda que teve todas as contas eleitorais aprovadas.

Já o senador Edison Lobão (PMDB-MA), segundo o executivo Henrique Serrano do Prado Valladares, recebeu R$ 5,5 milhões por favorecer o Grupo Odebrecht em uma licitação para concluir obras na Usina Hidrelétrica de Santo Antônio. O político, apelidado de “Esquálido”, teve atuação decisiva para que a empresa Tractebel-Suez vencesse a licitação para a usina de Jirau, ambas integrantes do Projeto Madeira. Os pagamentos foram feitos em dinheiro e ocorreram na casa do filho do senador.

Por meio de seus advogados,- Lobão repudiou mais uma vez o reiterado vazamento de informações sigilosas e esclareceu que está buscando o devido acesso legítimo e oficial a tais documentos perante o STF.

O deputado federal Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) ganhou o apelido de “Viagra” na lista da Odebrecht. Segundo os executivos João Antônio Pacífico Ferreira e Benedicto Barbosa da Silva Júnior, o parlamentar recebeu R$ 700 mil via caixa 2 na campanha para o governo de Pernambuco, em 2010. O pagamento foi feito pelo Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, que indicam que Vasconcelos recebeu R$ 2 milhões.

Nenhum funcionário do seu gabinete atendeu às ligações da reportagem.

Já o executivo Alexandrino de Salles Ramos de Alencar acusou o deputado federal Ônix Lorenzoni (DEM), relator das dez medidas anticorrupção, de receber R$ 175 mil via caixa 2 para sua campanha, em 2006. Antes, Alencar contou sobre um encontro com o deputado em que disse “nós gostaríamos de termos aí como um parceiro futuro nas suas atividades como deputado federal”. O parlamentar negou as acusações e disse que nunca teve contato com executivos da Odebrecht.

O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, é acusado de ter recebido R$ 1 milhão via caixa 2 para as eleições de 2014.

 

Citado. Romero Jucá foi ministro do Planejamento de Temer

 

Defesa

“Sempre estive e sempre estarei à disposição da Justiça para prestar qualquer informação”

Romero Jucá

SENADOR DO PMDB

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45102, 12/04/2017. Política, p. A11.