Título: Investimentos podem favorecer o etanol
Autor: Borba, Julia
Fonte: Correio Braziliense, 06/01/2012, Cidades, p. 28

As perspectivas para o setor sucroenergético não são de todo ruins. No ano passado, foram anunciadas mudanças na política que podem ajudar a impulsionar o etanol. Uma delas é a chegada de novas variedades de cana ao mercado, capazes de reduzir os custos e aumentar a produtividade dos canaviais. Mais resistentes a doenças e pragas, elas foram desenvolvidas após 10 anos de pesquisas no Brasil. Os investimentos de R$ 150 milhões foram feitos pelo Centro de Tecnologia Canavieira (CTC).

Além disso, o Congresso norte-americano não prorrogou as barreiras protecionistas que impediam o ingresso do etanol brasileiro nos Estados Unidos. Após amargar três décadas no banco de reserva, o produto nacional pôde finalmente chegar em solo americano com preços competitivos.

Mas, para aproveitar as oportunidades, os produtores brasileiros e o governo terão de rever prioridades e investimentos, alerta o professor de engenharia mecânica da Universidade de Brasília (UnB) Alessandro Borges. "Tudo isso precisa ser ponderado, porque além de exportar açúcar e etanol, o mercado interno precisa ser abastecido", lembra.

O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (Sindicom), Alísio Vaz, diz que é muito cedo para estimar qual serã o futuro do álcool e o preço a ser comprado do consumidor. "Em 2011, por exemplo, o preço subiu muito. A situação se agravou porque as pessoas demoraram para reagir e deixar de abastecer com o etanol", acrescenta Vaz.

José Carlos Ulhôa Fonseca, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis Automotivos e de Lubrificantes do DF (Sindicombustíveis-DF), por sua vez, diz que não é terrorismo ou pessimismo dizer que há uma crise no setor. "Não vejo melhorias no futuro. Pelas informações que temos, a crise do álcool está instalada", afirma.

Vítima do sobe e desce dos preços, Patrícia Marques, que tem carros flex desde 2005, não se lembra da última vez que abasteceu com etanol. "Não compensa. A intenção não era usar gasolina, mas não tem jeito."