06/07/2017
O Ministério da Agricultura determinou aos frigoríficos brasileiros que carnes in natura de cortes dianteiros a serem exportadas para os Estados Unidos sigam apenas na forma de recortes, cubos, iscas ou tiras, diz comunicado.
“A medida visa a facilitar as negociações para retomar as vendas para aquele mercado”, explica o ministério.
REUNIÃO EM WASHINGTON
A determinação vem após os Estados Unidos terem suspendido as importações de carne brasileira in natura no fim do mês passado porque foram identificados produtos com abcessos — que teriam sido causados pela vacina contra a febre aftosa. Os abcessos são internos e, por isso, só são identificados quando a carne é cortada, o que explica a decisão do ministério. Ao exigir a exportação em pedaços, as partes das carnes que apresentarem abcessos poderão ser descartadas.
Ainda de acordo com o comunicado, em 13 de julho, membros do Ministério da Agricultura se reunirão com autoridades sanitárias dos Estados Unidos, em Washington, para discutir as medidas de controle adotadas depois da identificação dos abcessos na carne exportada.
Após a decisão dos EUA, anteontem a China informou que intensificou as inspeções de carnes importadas do Brasil.
O gigante asiático adotará medidas se encontrar algum problema de segurança alimentar em carnes importadas do Brasil e notificará o público em tempo hábil, informou a Administração Geral de Supervisão de Qualidade, Inspeção e Quarentena da China.
Os EUA tinham passado mais de 10 anos sem comprar carne fresca brasileira e só reabriram o mercado no ano passado. Os americanos são tradicionais importadores de carne industrializada do Brasil.
Desde o início da Operação Carne Fraca, da Polícia Federal, que investiga supostas fraudes na liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos, ao menos 51 países, além da União Europeia, ainda mantêm alguma restrição à compra de carne brasileira. A cadeia produtiva de carne no Brasil enfrenta dificuldades desde a operação da PF, que foram agravadas pela crise na JBS após as delações dos executivos da empresa que comprometem o presidente Michel Temer.
O globo, n.30649 , 06/07/2017. ECONOMIA, p.18