Odebrecht: Temer e Cunha eram do mesmo grupo

ANDRÉ DE SOUZA

05/07/2017

 

 

PF pede ao STF que inclua presidente, Padilha e Moreira em inquérito que investiga organização criminos
 
 Em depoimento à Justiça Federal, o empresário Marcelo Odebrecht afirmou ontem que o presidente Michel Temer era do grupo do PMDB na Câmara do qual fazia parte o ex-deputado Eduardo Cunha, preso em Curitiba desde outubro do ano passado em razão da LavaJato.
 

Ele também afirmou que ouvia falar da influência de Cunha no Fundo de Investimentos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FI-FGTS), administrado pela Caixa. Mas ressalvou que soube disso por terceiros, em geral executivos da Odebrecht, comandada por ele.

Preso em Curitiba, também em função da Lava-Jato, Marcelo coopera com a Justiça. Ele foi ouvido em ação penal que investiga irregularidades na liberação de créditos do FI-FGTS para empresas, prestando depoimento na condição de testemunha de Lúcio Funaro, apontado como operador de Cunha. Além de Cunha e Funaro, também são réus na ação: o ex-presidente da Câmara e ex-ministro Henrique Alves, o empresário Alexandre Margotto, e o ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto. O caso tramita na Justiça Federal do Distrito Federal, sob os cuidados do juiz Vallisney de Souza Oliveira.

Indagado se sabia quem integrava o grupo do PMDB na Câmara, da qual Cunha era membro, ele citou apenas um nome:

— A única pessoa que me lembro fazer parte desse grupo era Michel Temer. Mas isso era o Cláudio Melo Filho (executivo da Odebrecht) que me dizia.

Sobre suposta influência de Cunha na Caixa, respondeu:

— Isso era dito. Não necessariamente na Caixa Econômica. O que se ouvia falar é que ele tinha influência no FI-FGTS após a entrada de Fábio Cleto. Mas isso é o que eu ouvia. Eu nunca tratei diretamente com ele, nem ninguém me assegurou isso.

Ontem, a Polícia Federal pediu que Temer e os ministros Eliseu Padilha e Moreira Franco sejam investigados em inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal (STF) para apurar a existência de uma organização criminosa entre os deputados do PMDB e pessoas próximas. Caberá ao relator, ministro Edson Fachin, tomar uma decisão, o que poderá ocorrer somente a partir de agosto, quando o STF volta do recesso.

O globo, n.30648 , 05/07/2017. PAÍS, p. 5