ANDRÉ DE SOUZA E CLEIDE CARVALHO
05/07/2017
Indagado como foi a nomeação de Moreira Franco (hoje ministro da Secretaria-Geral da Presidência) para vice-presidente da Caixa em 2007, Lula respondeu que foi uma indicação do PMDB ou da bancada do partido, que compunha a base aliada. Mas destacou que o nome dele passou pelo crivo do Ministério da Fazenda. Disse também que, na nomeação, não recebeu um pedido especificamente de Temer.
Os recursos do FI-FGTS em que há suspeitas de desvios beneficiaram, entre outras obras, as do Porto Maravilha, no Rio, projeto ligado às Olimpíadas. Lula disse não ter tido conhecimento de irregularidades e ironizou:
— Eu lamentavelmente não fui nem convidado para ir às Olimpíadas — afirmou.
SEM PERGUNTAS DE MORO
Também ontem, quatro representantes de instituições financeiras que participaram da oferta pública de ações da Petrobras em 2010 prestaram depoimento ao juiz Sergio Moro, na condição de testemunhas de defesa de Lula na ação na qual ele responde por supostos benefícios ilícitos recebidos da Odebrecht. Apenas a defesa do ex-presidente fez perguntas. O MPF e Moro não dirigiram perguntas às testemunhas.
João Paulo Torres, que foi diretor da Merrill Lynch, afirmou que se tivesse sido detectado algum ato ilícito ou de corrupção nos levantamentos feitos na Petrobras ele seria incluído nos relatórios e a operação de oferta de ações “não iria para frente”.
Bruno Boetger, que era diretor do Bradesco BBI em 2010, banco que coordenou a oferta, disse que foram contratadas duas consultorias jurídicas para analisar a Petrobras, e que foi feita due diligence, processo de investigação dos riscos do negócio. Mas ele não soube informar se foi feita análise da governança corporativa da estatal.
Pérsio Dangot, representante do Citigroup, e Glen Mallett, que atuou na operação pelo Santander, ressaltaram o padrão elevado das análises feitas na empresa no processo de oferta de ações.
O globo, n. 30648 , 05/07/2017. PAÍS, p. 5