PF investiga ameaças a juiz da Lava Jato no Rio

Clarissa Thomé

20/04/2017

 

 

A DELAÇÃO DA ODEBRECHT /Agentes federais apuram duas suspeitas de planos de assassinato do magistrado Marcelo Bretas; um deles teria partido de um presídio

 

 

A Polícia Federal investiga dois supostos planos de assassinato do juiz da 7.ª Vara Federal Criminal, Marcelo Bretas. O magistrado, que conduz os desdobramentos da Lava Jato no Rio, decretou as prisões do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), do empresário Eike Batista e do exsecretário estadual de Saúde Sérgio Côrtes, entre outros, e teve a segurança reforçada no início deste mês.

Segundo o jornal O Globo, um dos planos para matar Bretas partiu de um presídio. Outro foi revelado em uma ligação ao disque- denúncia. O Estado confirmou ontem as ameaças. Bretas começou a ter escolta de agentes federais em fevereiro.

Naquele mês, pessoas não identificadas estiveram na cantina e na portaria do prédio onde funciona a primeira instância da Justiça Federal, na Avenida Venezuela, no centro da capital fluminense. Tentaram informações sobre a rotina do juiz.

A investigação é conduzida por policiais federais de Brasília.

A equipe é a mesma que avaliou ameaças recebidas pelo juiz Sérgio Moro, da 13.ª Vara Federal de Curitiba, responsável pela Operação Lava Jato na primeira instância. Há dez dias, o desembargador André Fontes, presidente do Tribunal Regional Federal da 2.ª Região (TRF-2), determinou o reforço da segurança de Bretas. “O tribunal está atento à situação do juiz Bretas. Esse, talvez, seja um dos maiores desafios que o tribunal enfrenta hoje. Vim aqui simbolicamente dizer a todos que essa preocupação que paira sobre o juiz hoje também é preocupação do tribunal”, disse o desembargador, em ato de solidariedade ao juiz.

 

Moro. Em outubro do ano passado, quando esteve no Rio para receber o prêmio de Homem do Ano, pela Câmara Britânica de Comércio e Indústria, Moro esteve o tempo todo sob a vigilância dos agentes. No jantar para 150 pessoas, em que os convites custaram entre R$ 400 e R$ 600, era exigido traje black-tie. Os policiais vestiram- se a caráter e misturaram-se aos convidados, para proteger o magistrado.

Moro, inicialmente, recusou-se a andar sob escolta. Mas, desde março do ano passado, é acompanhado por agentes e se locomove em veículos blindados.

 

Magistrado. Marcelo Bretas teve segurança reforçada

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MP pede a Moro prisão de Cláudia Cruz

 Julia Affonso / Ricardo Brandt / Fausto Macedo / Luiz Vassallo

20/04/2017

 

Em alegações finais ao juiz federal Sérgio Moro, a Procuradoria da República no Paraná pediu a condenação da jornalista Cláudia Cruz por lavagem de dinheiro e evasão de divisas de mais de US$ 1 milhão provenientes de crimes praticados pelo marido, o ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na Lava Jato.

O Ministério Público Federal requereu cumprimento de pena em regime fechado para Cláudia Cruz e outros três réus.  São eles: Jorge Zelada, ex-diretor da área Internacional da Petrobrás, pelo crime de corrupção passiva; João Augusto Rezende Henriques, apontado como operador que representava os interesses do PMDB no esquema, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão de divisas; e Idalecio Oliveira, empresário português proprietário da CBH, por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

 

Documentos. “É uma manifestação do Ministério Público, que apresentou a versão dele”, disse o advogado Pierpaolo Cruz Bottini, que defende Cláudia Cruz. “A defesa vai apresentar nos próximos dias suas razões, vai reapresentar todos os documentos que mostram que ela (Cláudia Cruz) não tem nenhuma relação com recursos ilícitos e confia que a Justiça decidirá de maneira imparcial.” As defesas dos outros réus não foram localizadas. 

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45110, 20/04/2017. Política, p. A7.