Título: Recessão espanhola
Autor: Batista, Vera
Fonte: Correio Braziliense, 27/12/2011, Economia, p. 11
Madri — A economia da Espanha vai se retrair no último trimestre deste ano e apresentar um "perfil desacelerado" nos primeiro três meses de 2012, alertou ontem o novo ministro da Economia, Luis de Guindos, evitando, contudo, pronunciar a temida palavra recessão. "Seguramente, neste trimestre a economia teve uma nova queda e voltamos a uma taxa de crescimento negativa", afirmou De Guindos, durante cerimônia de posse de altos funcionários de seu ministério.
Mais tarde, com conversa com jornalistas, o ministro previu que a retração do último trimestre de 2011 deve ser de 0,2% ou 0,3%. "Isso vai logicamente determinar o perfil no qual entraremos no próximo ano, que vai ser relativamente desacelerado", disse. "Os próximos dois trimestres, que ninguém se engane, não vão ser simples, tanto sob o ponto de vista do crescimento quanto dos empregos."
Atingida duramente pela crise financeira mundial e pelo estouro da bolha imobiliária, a economia espanhola entrou em recessão no último trimestre de 2008, ao cair 0,8% depois de ter retrocedido 0,2% no trimestre anterior. Em 2009, o país viu o Produto Interno Bruto (PIB, soma da produção de riquezas) recuar 3,7%. Após sair, no começo de 2010, de uma recessão de mais de 18 meses, a Espanha tenta recuperar o crescimento desde o começo de 2011: no primeiro trimestre avançou 0,4%, depois 0,2% no segundo, antes de estagnar no terceiro.
Cortes A previsão oficial é de alta de 0,8% no ano. No entanto, vários economistas preveem uma volta à recessão no fim de 2011 ou começo de 2012: o Goldman Sachs e o Instituto Francês de Estatísticas calcularam um retrocesso de 0,2% no quarto trimestre e outro tanto nos primeiros três meses de 2012.
O governo do conservador Mariano Rajoy, que assumiu na quinta-feira, tem como principal objetivo recuperar a economia e anunciou que, na sexta-feira, serão anunciadas as primeiras "medidas urgentes em matéria orçamentária". Uma das prioridades será lutar contra o desemprego recorde de 21,52% que afeta quase cinco milhões de pessoas. Rajoy se comprometeu também a adotar um duro pacote de corte de gastos para cumprir o objetivo de reduzir o deficit publico dos atuais 7% do PIB para 4,4% em 2012 e para 3% em 2013.