Por desvios na Saúde, Cabral é réu pela 8ª vez

Constança Rezende e Mariana Sallowicz

17/05/2017

 

 

Em nova denúncia, ex-governador é acusado de ‘transferir esquema de propina’ para secretaria

O juiz Marcelo Bretas, da 7.ª Vara Federal Criminal, aceitou ontem denúncia da forçatarefa da Lava Jato no Rio contra o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) em supostos desvios na Secretaria de Saúde do Estado. É a oitava ação penal aberta contra o peemedebista, preso desde novembro em Bangu, no Rio.

Os procuradores acusam o ex-governador de ter nomeado a equipe da secretaria especialmente para arrecadar propinas. “Desde o começo de seu governo, em 2007, Cabral teve o intuito de montar o esquema fraudulento, em parceria com Sérgio Côrtes (ex-secretário de Saúde). Ele foi nomeado por Cabral de maneira preconcebida para transferir o esquema de propina feito quando este era diretor do Into (Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia) para a Secretaria de Saúde”, disse o procurador regional da República José Augusto Vagos.

Também viraram réus Côrtes e o ex-subsecretário Cesar Romero; os supostos operadores do esquema Carlos Miranda e Luiz Carlos Bezerra; e os empresários Miguel Iskin e Gustavo Estellita. Eles são acusados de pagar ou receber propina para fraudar contratos da área. A denúncia atribui ao grupo os crimes de corrupção passiva e ativa e organização criminosa.

O esquema na Saúde foi alvo da Operação Fatura Exposta – segundo investigações, a organização teria arrecadado R$ 16,2 milhões entre 2007 e 2014. De acordo com a denúncia do Ministério Público Federal, Cabral ficava com 5% sobre todos os contratos firmados pelo Estado.

O ex-secretário e o ex-subsecretário, respectivamente, recebiam 2% e 1% sobre os valores. O esquema direcionava então as licitações de equipamentos médicos aos sócios Iskin e Estellita.

Defesas. O advogado de Cabral não respondeu ao contato da reportagem. A defesa de Côrtes disse que ainda não teve acesso à denúncia e não comentaria. A assessoria de Iskin e Estellita informou que as defesas de ambos não vão se manifestar. O advogado de Bezerra, Ranieri Mazzilli Neto, disse ainda desconhecer o teor da denúncia.

O advogado de Miranda, Daniel Raizman, afirmou que “desconhece os fatos que se imputam” a seu cliente e informou que vai se pronunciar durante a ação penal.

 

O Estado de São Paulo, n. 45137, 17/05/2017. Política, p. A7