Título: Desemprego de 5,2% é o menor desde 2002
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Fonte: Correio Braziliense, 23/12/2011, Economia, p. 12
Contratação de trabalhadores temporários pelo comércio foi o principal motivo da queda no indicador, segundo o IBGE
A contratação de trabalhadores temporários pelo comércio fez a taxa de desemprego cair para 5,2% em novembro, o menor patamar já registrado pela Pesquisa Mensal de Emprego (PME) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que começou em 2002. Em outubro, o indicador estava em 5,8%. "Normalmente, a contratação de temporários para as festas de fim de ano acontece no início de dezembro, mas, quando o poder de compra do trabalhador está forte, isso é antecipado para novembro ou até outubro", disse o gerente da PME, Cimar Azeredo.
A queda histórica no indicador de desocupados foi comemorada pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega. Para ele, "a população brasileira nunca esteve tão bem servida de emprego". "Se melhora, estraga", disse ele, durante café da manhã com jornalistas, lembrando que outros países apresentam índices bem mais elevados. De acordo com o IBGE, 1,25 milhão de pessoas estavam à procura de trabalho no Brasil, no mês passado — o número mais baixo já registrado nesse período. Os dados da PME, no entanto, contrastam com os do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério do Trabalho na terça-feira. De acordo com o Caged, a geração de empregos com carteira assinada teve o pior novembro dos últimos três anos, com queda de 69% em relação ao mesmo mês de 2010, em um possível reflexo da crise internacional sobre a atividade econômica.
"Esse é um período de contratações sazonais e é preciso esperar janeiro para saber se há efeitos da crise. Em janeiro é que começam as dispensas", ponderou Azeredo, lembrando que as metodologias do Caged e da PME são distintas. Enquanto o Ministério do Trabalho registra as contratações e desligamentos que as empresas devem obrigatoriamente informar ao governo, o IBGE faz um levantamento do número de pessoas que está à procura de emprego no período analisado, sem distinguir entre postos formais ou informais.
De acordo com o instituto, a população ocupada aumentou 0,7%, o equivalente a um acréscimo de 148 mil pessoas. Em relação a novembro de 2010, o crescimento foi de 1,9%, ou 431 mil trabalhadores. São Paulo (5%), Belo Horizonte (4,2%) e Porto Alegre (3,6%) tiveram taxas abaixo da medida nacional e ancoraram a queda no desemprego.
Salários baixos Além das contratações do comércio, para atender as festas de fim de ano, a construção civil também empregou fortemente, segundo o IBGE, aumentando o número de vagas em 8,8%. "Tem uma série de obras em curso para Copa do Mundo, Olimpíadas e um aquecimento do setor imobiliário que favorecem a admissão de trabalhadores", disse Cimar Azeredo.
A indústria, no entanto, foi mais uma vez o fator destoante nesse cenário: voltou a demitir e manteve a trajetória de perda de participação no mercado de trabalho. Em novembro, o setor representava 16% do total de ocupados, o menor percentual para o período em toda a série.
Apesar da oferta de vagas, o rendimento médio do trabalhador subiu apenas 0,1% em novembro, alcançando R$ 1.623,40. O valor é 0,7% maior que o de novembro de 2010. Na média do ano, o ganho é de 2,7%. Na avaliação da Rosenberg Consultores Associados, o crescimento modesto reflete a contratação de empregados com salários menores. Diante disso, a consultoria avalia que "o primeiro trimestre de 2012 pode ser menos alvissareiro, conforme se propaguem os efeitos da desaceleração do ritmo de atividade".
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