Título: Punição a bancos
Autor: Nunes, Vicente
Fonte: Correio Braziliense, 23/12/2011, Economia, p. 12
O governo decidiu forçar os grandes bancos a destinarem parte do dinheiro que têm depositado compulsoriamente no Banco Central para a compra de carteiras de crédito de instituições menores e de Letras Financeiras (LF), usadas para financiar investimentos produtivos. Para isso, o BC deixará de remunerar integralmente, pela taxa básica de juros (Selic), os recursos recolhidos por meio das aplicações a prazo (especialmente, certificados de depósitos bancários, CDBs).
Segundo o diretor de Política Monetária do BC, Aldo Luiz Mendes, hoje 100% do dinheiro de depósitos a prazo transferido para os cofres da autoridade monetária são corrigidos pela Selic. A partir de 24 de fevereiro de 2012, a remuneração incidirá sobre 73% dos valores recolhidos. Em 27 de abril, essa parcela cairá para 64%. Ou seja, 36% dos recursos ficarão parados no caixa do BC. Se não quiserem perder, os bancos terão de procurar outras alternativas de ganhos, como as carteiras de crédito e as LFs.
Mendes ressaltou que há, atualmente, R$ 60 bilhões disponíveis em compulsórios sobre depósitos a prazo. Mas apenas a metade, R$ 31 bilhões, está aplicada da forma como o BC quer. "Então, decidimos equilibrar a distribuição dos recursos, induzindo as compras de carteiras e de LFs", afirmou. Na sua avaliação, com as carteiras negociadas, as instituições de menores poderão ampliar a oferta de empréstimos e financiamentos e as LFs se tornarão uma forte importante para investimento produtivos, reduzindo parte do peso que recai sobre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Ele garantiu que a falta de interesse dos grandes bancos por carteiras de crédito de instituições de menor porte nada tem a ver com má qualidade das operações. "Junto com a mudança na remuneração dos compulsórios entrará em vigor a Câmara de Compensação de crédito (C3), que dará ampla visibilidade aos empréstimos e financiamentos", assegurou.
Reforço ao BNDES O ministro da Fazenda, Guido Mantega, assinou portaria para capitalizar em R$ 950 milhões o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Caixa Econômica Federal. O BNDES receberá R$ 500 milhões do Tesouro Nacional e a Caixa, R$ 450 milhões. Por enquanto, não há previsão de injeção de recursos para o Banco do Brasil. O BNDES e a Caixa também poderão usar uma parte dos dividendos que deveriam repassar ao Tesouro para reforçar seus orçamentos. O objetivo da medida é dar mais impulso à concessão de crédito no ano que vem e manter os bancos públicos como os maiores provedores. "O crédito da Caixa vai subir 40% neste ano. A média do setor bancário é 17%. O Banco do Brasil também vai elevar o crédito. Os bancos públicos estarão à frente na estratégia de aumentar o crédito com juros menores", destacou o ministro.
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