Criação de vagas formais é maior no interior do País

Fernando Nakagawa e Eduardo Rodrigues

17/05/2017

 

 

Em São Paulo, para cada vaga gerada na região metropolitana, cinco foram abertas nos municípios do interior do Estado

A corrida pela retomada do emprego no Brasil é liderada com folga pelas cidades do interior. Dados do Ministério do Trabalho mostram que 95,8% dos postos de trabalho gerados em abril, em nove dos maiores Estados brasileiros, vieram do interior. Em São Paulo, cada emprego criado na região metropolitana foi seguido por cinco vagas abertas no interior.

Somados, Bahia, Ceará, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo foram responsáveis pela criação líquida de 50,2 mil empregos no mês passado. Desses novos postos de trabalho, 48,1 mil foram no interior e só 2,1 mil vieram das regiões metropolitanas.

Os dados do Ministério do Trabalho revelam que o motor interiorano tem força especialmente no Sudeste e Sul. Só no interior paulista foram registrados 24,9 mil novos empregos, número quase cinco vezes maior que os 5,2 mil postos abertos na região metropolitana. O mesmo fenômeno aconteceu de forma ainda mais intensa em outros locais. Para cada emprego aberto na Grande Belo Horizonte, o interior mineiro teve seis novas vagas. Até mesmo em Estados com perda de emprego, como o Rio de Janeiro, o interior aparece em situação melhor: enquanto o interior fluminense gerou 1,2 mil vagas, a cidade do Rio perdeu 3,8 mil empregos em abril.

Para o pesquisador da área de economia aplicada da Fundação Getúlio Vargas, Bruno Ottoni, os números mostram que o interior ganhou dinâmica própria e não fica mais a reboque da economia das capitais. “A economia brasileira tem apresentado essa saída das grandes cidades com redução da importância das capitais no crescimento do País”, diz.

Setores. Em abril, a geração de empregos foi observada em sete dos oito ramos da economia acompanhados pelo governo. O segmento de serviços liderou a abertura de vagas, com 24,7 mil novos empregos. Serviços médicos e odontológicos, transportes e comunicações e ensino foram os ramos que mais contrataram.

Em seguida aparecem agropecuária (14,6 mil vagas), indústria de transformação (13,6 mil postos) e comércio (5,3 mil empregos). O único setor que fechou empregos foi a construção civil, com 1,7 mil demissões.

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‘Financial Times’ diz que recessão no Brasil está chegando ao fim

Altamiro Silva Junior

17/05/2017

 

 

Em um caderno especial sobre o País, jornal diz que, apesar da baixa popularidade de Temer, as reformas avançam

O jornal inglês Financial Times publicou na edição de ontem um caderno especial sobre o Brasil com 11 reportagens. A publicação destaca que a recessão parece estar chegando ao fim, o governo está cortando gastos e as reformas do presidente Michel Temer estão avançando, apesar dos protestos da população e da baixa popularidade do presidente.

“O Brasil parece estar se movendo de novo”, afirma o especial, que recebeu o título de “Reinventando o Brasil”. O especial tem uma série de reportagens, além de entrevistas com a equipe de Temer, incluindo o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn.

O texto principal começa ressaltando que, em São Paulo, na Avenida Faria Lima, “a versão brasileira de Wall Street”, onde estão as sedes de vários bancos de investimento, a animação, que há muito não se via, está voltando.

O texto menciona que em quatro meses de 2017 já ocorreram três ofertas milionárias de ações, com destaque para a abertura de capital da companhia aérea Azul, que movimentou US$ 571 milhões.

“Reformas terminam três anos de turbulência e recessão no Brasil”, destaca a publicação, falando que, mesmo com a baixa popularidade de Temer, o peemedebista está conduzindo mudanças na economia que vão ajudar o País a crescer mais no médio prazo. Ao contrário da gestão de Dilma Rousseff, marcada por recessão e inflação em alta, o FT menciona que os índices de preços estão em queda no Brasil e o Banco Central está cortando os juros de forma agressiva.

“A janela para novas reformas é estreita”, afirma o jornal inglês. A reportagem explica que o País terá eleições gerais em 2018 e em alguns meses o Congresso estará no “modo eleições”, ou seja, a prioridade dos parlamentares será a corrida nas urnas.

Além de reportagens sobre a economia, o Financial Times ressalta no especial que há um esforço no Brasil para se combater a corrupção, tanto pela Polícia Federal como pelo Judiciário.

“As instituições do País provaram ser notavelmente resistentes”, afirma o texto. Nas empresas, cresce a preocupação com transparência, destaca a reportagem.

Eleições. O caderno especial tem ao todo 11 reportagens, tratando de temas como a reforma da Previdência, as eleições de 2018, a Operação Lava Jato e as mudanças em curso no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

No texto sobre a corrida presidencial, a publicação inglesa destaca que a série de escândalos de corrupção no Brasil aumenta a chance de vitória de candidatos “outsiders”, fora do mundo político, nas eleições do ano que vem. O mais controverso é o deputado Jair Bolsonaro, ressalta o FT. O mais falado no momento é o prefeito de São Paulo, João Doria.

 

O Estado de São Paulo, n. 45137, 17/05/2017. Economia p. B3