Em balanço, Temer fala de ‘herança maldita’

Leonencio Nossa

13/05/2017

 

 

 

Sem citar impeachment, presidente usa evento de 1 ano de governo para criticar PT

 

 

Ao apresentar o balanço do primeiro ano de governo, o presidente Michel Temer atacou ontem a “herança” petista e disse que a população hoje não está preocupada com ideologia e rótulos, mas, sim, com resultados. Sob o mote “Um ano de conquistas”, Temer deu estocadas no PT e nas gestões de Luiz Inácio Lula da Silva e de Dilma Rousseff, da qual foi vice.

Não citou o impeachment da petista em nenhum momento, mas afirmou que “faltava pacificar o País” e tentou rebater o adjetivo “golpista”. “Os rótulos hoje perderam qualquer significado.

O rótulo que vale para o cidadão é qual o resultado que tenho. Portanto, o rótulo é resultado”, discursou Temer em evento no Palácio do Planalto.

No pronunciamento, o presidente disse que arrumar a casa “não é uma questão de ideologia política, mas de responsabilidade, de coragem para fazer o que é preciso ser feito”. “Por isso, sem apelar para o encanto do populismo, sem investir no marketing enganador, nós estamos construindo pilares muito sólidos, para garantir ao Brasil um padrão de crescimento sustentável”, afirmou Temer.

O presidente também enfatizou no evento que manteve os principais programas sociais das gestões petistas. Afirmou ainda que o controle de gastos não impediu, em sua gestão, um reajuste em 12% do Bolsa Família, a preservação do Financiamento Estudantil (Fies) e do Programa Universidade para Todos (Prouni) e a retomada do Minha Casa Minha Vida, ações que marcaram os mandatos de Lula e Dilma.

Legislativo aliado. A defesa do governo contou ainda com discursos dos presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, o interino Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Eles disseram que Temer governa sem “populismo”. Cunha Lima disse que a acusação de que o governo cortou o orçamento da área social é “terrorismo” dos opositores.

Em seu discurso, lido no teleprompter, Temer disse que as reformas beneficiam “pobres”, “trabalhadores”, “aposentados” e “estudantes”. Recorreu a metáforas de família para falar do controle de gastos. “O que devo enfatizar é que quem gasta sem responsabilidade, mais do que recebe, terá naturalmente sérios problemas para colocar comida na mesa e manter os filhos na escola”, disse.

Quando falou da política econômica, ele se dirigiu aos “trabalhadores”. “A inflação, já foi dito aqui, que estava próximo dos 10%, já caiu para perto de 4%”, afirmou. “E isto protege o bolso do trabalhador, parece que não, mas quando você derruba a inflação, você está também protegendo os pobres, o trabalhador, o aposentado, o estudante.”

Ao falar do Bolsa Família, principal programa de Lula, Temer disse que acabou com as filas de pessoas que buscavam o benefício. “Tenho falado com certa frequência, que nós demos, depois de muito tempo em que não se revalorizava o Bolsa Família, um reajuste de 12,5% e pusemos fim a uma fila de espera por esse benefício”, afirmou.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45133, 13/05/2017. Política, p. A8.