Temer deu aval para 'comprar' Cunha, diz JBS 
18/05/2017
 
 
CRISE NO PLANALTO. Empresário relatou, em delação, conversa que teria gravado em 7 de março deste ano, no Palácio do Jaburu; presidente diz que ‘jamais solicitou pagamentos’ nem autorizou ações

O empresário Joesley Batista, um dos donos da JBS, relatou em sua delação premiada que o presidente Michel Temer deu aval a uma operação para comprar o silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso na Operação Lava Jato. Joesley teria gravado o diálogo com Temer, ocorrido no dia 7 de março, no Palácio do Jaburu. A informação foi divulgada na noite de ontem pelo site do jornal O Globo e confirmada pelo Estado. Segundo o jornal, o empresário disse ao presidente que estava pagando mesada a Cunha e a Lúcio Funaro, apontado como operador do ex-presidente da Câmara, para que ambos ficassem em silêncio sobre irregularidades envolvendo aliados. “Tem que manter isso, viu?”, teria afirmado Temer ao empresário. Joesley e seu irmão Wesley Batista firmaram um acordo de delação premiada.

As gravações foram entregues à Procuradoria-Geral da República.

Em nota, o Palácio do Planalto confirmou o encontro de Temer com Joesley, mas afirmou que o presidente “jamais solicitou pagamentos para obter o silêncio” de Cunha. “Não participou nem autorizou qualquer movimento com o objetivo de evitar delação ou colaboração com a Justiça pelo ex-parlamentar.” Joesley também gravou conversa com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) em que o tucano pede R$ 2 milhões sob o argumento de que precisaria de ajuda para sua defesa na Lava Jato. Na delação, o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega é citado como intermediário de propina ao PT.

Após a divulgação da delação, parlamentares apresentaram pedidos de impeachment do presidente na Câmara. Em São Paulo e em Brasília, manifestantes foram às ruas pedir a sua renúncia. A área econômica já discute cenários sobre o impacto na economia.

 

O Estado de São Paulo, n. 45138, 18/05/2017. Política, p. A4