Operador entregou R$ 6,1 milhões a políticos do PMDB

Thiago Herdy

Gustavo Schimit

28/07/2017

 

 

Valores teriam servido para garantir a unidade pró-Dilma em 2014, diz delator da J&F

Preso na nova fase da Lava-Jato, André Gustavo Vieira era mais do que um operador de valores para Aldemir Bendine, ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras. Em acordo de colaboração premiada assinado com o Ministério Público, o executivo do grupo J&F Ricardo Saud contou que Vieira foi o principal operador de dinheiro vivo da operação destinada à unidade do PMDB em torno para a campanha pela reeleição de Dilma Rousseff, em 2014, e evitar apoios ao principal adversário, Aécio Neves (PSDB). Por meio de esquema de lavagem de dinheiro, R$ 6 milhões teriam sido entregues em espécie a senadores do partido, entre eles o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB-CE). Segundo o executivo da J&F, Eunício recebeu R$ 318 mil das mãos de Vieira.

Ainda de acordo com Saud, a empresa recorreu a Vieira para entregar R$ 1 milhão ao então senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), parte da propina de R$ 6 milhões; R$ 980,6 mil de R$ 8,9 milhões endereçados ao senador Jader Barbalho (PMDB-PA); e R$ 3,8 milhões de uma propina de R$ 9,9 milhões para o senador Renan Calheiros (PMDB-AL). Segundo a J&F, os pagamentos foram acertados depois de orientação do então ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Saud relatou ter conhecido Vieira por meio do ex-ministro Fernando Bezerra (PSB), a quem teriam sido pagos, por outros motivos, R$ 2 milhões. O operador também teria viabilizado R$ 200 mil para o ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB), e R$ 1 milhão para o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB). Todos os políticos negam as acusações. (Thiago Herdy e Gustavo Schimit)

O globo, n.30671 , 28/07/2017. País, p. 5