Temer confirma intenção de ampliar faixa de isenção do Imposto de Renda

Bruno Peres

16/05/2017

O presidente Michel Temer afirmou que a iniciativa em estudo internamente no governo para dobrar a faixa de isenção na cobrança do Imposto de Renda de Pessoa Física (IRPF) alcançaria uma "boa margem" de trabalhadores beneficiados pela proposta e contribuiria para a movimentação da economia no país. A informação foi antecipada pelo Valor na edição de ontem. "Ao invés de pagar o tributo, iriam gastar isso na economia nacional", disse Temer ontem a rede de emissoras de rádio.

A proposta em estudo, que dobra a faixa de isenção do IRPF, dos atuais R$ 1.903 para R$ 4 mil, conta com restrições dentro da equipe econômica em função do impacto fiscal ainda em análise.

Temer disse considerar a proposta "complicada", embora a tenha classificado como "útil", e demonstrou contrariedade com a revelação da iniciativa.

"Eu apreciaria muitíssimo", disse o presidente na entrevista. "Houve uma fala da possibilidade. Uma breve fala, que as cadeiras e mesas e paredes do Palácio captaram", ironizou Temer.

Conforme informou o Valor, a medida seria parte de um novo "pacote de bondades" preparado pelo governo em busca de mais popularidade, a exemplo da liberação de saques de contas inativas do FGTS. "Teve um efeito extraordinário essa liberação", disse Temer, lembrando ter feito questão de acompanhar em uma das agências da Caixa o início da liberação de saques de mais um lote no fim da última semana.

Apesar de dizer publicamente que não se preocupa com pesquisas de opinião que indicam a baixa popularidade de seu governo, motivado pelo propósito em avançar com reformas consideradas estruturantes para o país, Temer voltou a comemorar a percepção de melhora no otimismo da população também constatada em pesquisas de opinião. "É interessante, as pesquisas são às vezes contraditórias", disse Temer, fazendo ainda um apelo pela confiança da população. "Quando você tem correntes de energias favoráveis, você melhora o país", afirmou.

O presidente fez questão de dizer ainda que não considera candidatar-se à reeleição mesmo que "as ruas" se mobilizem para a sucessão presidencial em torno de um projeto "Temer 2018". "Se pedirem, vou dizer: eis a comprovação de que eu cumpri bem a minha tarefa nesses dois anos e oito meses", disse.

Na entrevista, Temer afirmou ainda que o governo gostaria de ver aprovada o mais rapidamente possível a proposta de reforma da Previdência Social, mas o projeto só será levado ao plenário da Câmara, segundo Temer, quando houver margem segura para aprovação - o mínimo de votos necessários é 308.

"Cada líder e cada membro de cada partido está levantando nome por nome", disse. "Talvez na última semana de maio, talvez na primeira semana de junho".

Sem dar detalhes, Temer afirmou ainda que o governo está tomando medidas necessárias para redução do contingenciamento, principalmente para a retomada de obras pelo país. Temer disse ainda manter uma visão "um pouco mais elevada" na relação federativa sem levar em consideração sé é de oposição ou aliado do governo "o governante episódico" de Estados e municípios.

Valor econômico, v. 17, n. 4255, 16/05/2017. Brasil, p. A2.