Estadão lança a calculadora da previdência

07/05/2017

 

 

PREVIDÊNCIA UMA REFORMA CRUCIAL / Ferramenta simula com qual valor aproximadamente o trabalhador irá se aposentar e quanto deve investir para ter uma renda extra ao INSS

As discussões acerca do sistema previdenciário atestam que o trabalhador brasileiro deve se planejar para a aposentadoria cada vez mais cedo. Para garantir uma renda extra mensal de R$ 2 mil no futuro, por exemplo, além do benefício recebido pelo INSS, um jovem de 18 anos que pretende parar de trabalhar aos 65 teria de investir a partir de hoje cerca de R$ 500 por mês.

Os cálculos foram feitos pela “Calculadora da Previdência”, ferramenta desenvolvida pelo ‘Estado’ em parceria com a Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar, antigo IBCPF).

Na plataforma, o leitor do Estado poderá descobrir não somente o tempo restante para a aposentadoria (conforme as regras atuais e as que estão sendo discutidas no Congresso), como também o valor aproximado do benefício a ser recebido nos dois casos. Além disso, também poderá calcular quanto deve poupar desde já para garantir uma determinada renda extra.

O cálculo, por enquanto, só vale para o Regime Geral – ou seja, exclui os que recebem aposentadoria especial, como servidores, professores e policiais.

Para fazer os próprios cálculos, o leitor deve informar à ferramenta idade, sexo, salários já recebidos (com registro em carteira), idade com que pretende se aposentar e a renda extra mensal que deseja receber. A plataforma também possibilita incluir o valor de aplicações financeiras já existentes, que serão abatidas no cálculo da renda extra. Assim, quanto mais detalhadas forem as informações, mais preciso será o resultado do cálculo.

Além de saber quando poderá se aposentar, o leitor também poderá comparar o valor mensal que deve reservar para ter uma aposentadoria mais tranquila caso invista na caderneta de poupança ou em outros títulos de renda fixa.

“A quantidade de pessoas que consegue se sustentar na velhice é muito pequena no Brasil.

Quanto mais cedo o trabalhador começar a contribuir, mais confortável deve ser sua aposentadoria”, diz Rodrigo Assumpção, planejador financeiro associado à Planejar que participou da elaboração da ferramenta.

Assumpção diz que, na aposentadoria, é possível que haja um aumento dos gastos com saúde, o que pode tornar a renda recebida insuficiente para cobrir despesas básicas. Assim, a conta pode não fechar para quem recebe um benefício de menor valor.

Por isso, ele destaca a importância de se fazer uma reserva financeira.

“As pessoas encaram o planejamento financeiro como uma coisa chata, mas guardar dinheiro significa se privar no presente para consumir no futuro.” A planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, que também participou da elaboração da ferramenta, afirma que é difícil para um trabalhador mais jovem pensar na aposentadoria – uma realidade, em tese, distante. “Na casa dos 30 anos, quando a pessoa já tem uma carreira mais consolidada, é mais fácil pensar no tema. Nessa etapa da vida, inclusive, já existe mais maturidade para lidar com receitas e despesas”, diz.

Investimentos. Poupar para a aposentadoria, porém, não significa necessariamente investir em um plano de previdência privada, mas sim reservar um montante para a manutenção da renda no futuro. Para quem deseja começar a montar uma reserva, os títulos públicos com prazo de vencimento mais longo são uma boa alternativa. “Os papéis indexados à inflação são mais interessantes nesse caso, pois funcionam como uma espécie de seguro contra a perda do poder de compra ao longo dos anos”, explica Assumpção.

Os fundos de previdência privada, por outro lado, podem ser abatidos no Imposto de Renda, e alguns oferecem características adicionais, como capitalização ou seguro de vida resgatável (que devolve o valor investido após determinado prazo).

Antes de tomar uma decisão, o investidor deve comparar taxas e simular o rendimento para escolher a melhor alternativa, levando também em conta os impostos em cada modalidade.

No caso dos fundos de previdência, vale a pena buscar alternativas em corretoras independentes, que cobram taxas menores para atrair clientes.

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INSS também é um seguro, lembram especialistas

07/05/2017

 

 

Contribuição mínima para a Previdência já garante benefícios como auxílio-doença e licença-maternidade

Mesmo que tenha a opção de não contribuir para o INSS, especialistas recomendam que o trabalhador dê atenção à Previdência pública, uma vez que mesmo a menor alíquota de contribuição já garante benefícios.

“Está no inconsciente coletivo falar mal do INSS, mas as pessoas não levam em conta os benefícios adicionais”, diz a planejadora financeira Annalisa Blando Dal Zotto, da Associação Brasileira de Planejadores Financeiros (Planejar).

Auxílio-doença, licença-maternidade, aposentadoria por idade, aposentadoria por invalidez, auxílio-reclusão e pensão por morte, no caso dos dependentes, são benefícios de que pode dispor quem contribui para a Previdência pública.

O trabalhador autônomo cadastrado no Simples Nacional, categoria de menor faturamento, já contribui para o INSS ao pagar uma guia que embute diversos impostos. Assim, também está segurado.

Para quem não tem nenhum vínculo empregatício ou não tem registro como autônomo, é possível fazer contribuições avulsas para assegurar esse benefícios.

Nesse caso, o trabalhador pode optar por alíquotas entre 5% e 11% sobre um salário mínimo, ou 20% sobre um valor entre o piso e o teto do INSS, que atualmente é de R$ 5.531,31.

No primeiro caso, exclui-se apenas o direito à aposentadoria por tempo de contribuição.

Porém, com as mudanças que estão sendo discutidas no Congresso, como o estabelecimento de uma idade mínima para a aposentadoria, por exemplo, a recomendação é que o trabalhador evite depender apenas da Previdência pública.

“Muita gente conseguiria até ter uma renda mais ou menos equivalente ao que ganha em sua vida ativa. Para outra parte da população, porém, o teto do INSS é muito baixo”, diz Rodrigo Assumpção, planejador associado à Planejar. Ele alerta que, com a reforma da Previdência, o valor do benefício pago pelo INSS será uma média de todas as contribuições, e não só das maiores. Por isso, é importante estudar as alternativas para respeitar o plano estabelecido.

 

O Estado de São Paulo, n. 45127, 07/05/2017. Economia, p. B4