Temer convoca ministros a ficar em Brasília

Cristiane Jungblut

29/07/2017

 

 

Presidente deve pedir aos que são deputados que reassumam mandato para votar contra denúncia

 

 O Palácio do Planalto está mobilizando ministros para que permaneçam em Brasília na próxima semana, que será decisiva na votação da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer por corrupção passiva. O ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, disparou ofício aos colegas pedindo que concentrem suas agendas de 1º a 10 de agosto em Brasília. A votação da denúncia na Câmara está marcada para o dia 2 de agosto, mas pode ser adiada para a semana seguinte se faltar quorum. Alguns ministros já receberam o documento, no qual Padilha diz que faz o pedido por “orientação do presidente da República”. Alguns ministros têm viagens marcadas, mas voltarão a Brasília. O ministro da Saúde, Ricardo Barros, por exemplo, disse que viajará na segunda-feira ao Maranhão e ao Pará, mas que, na terça-feira, voltará à capital. — Estarei em Brasília — disse Ricardo Barros, ainda sem saber se o ofício chegara ao seu gabinete.

 

REUNIÃO NO DOMINGO

Temer quer toda a base aliada engajada para derrubar a denúncia da PGR. O presidente reunirá aliados amanhã, às 16h30m, para discutir a estratégia do dia da votação. Ele deve pedir a ministros que são deputados que reassumam seus postos para votar. Barros disse que Temer ainda não avisou se realmente os ministros-deputados reassumirão os mandatos.A meta do Planalto é garantir quorum na quarta-feira para “liquidar” o assunto. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse acreditar que haverá quórum para a votação da denúncia, mas aliados admitem que, se a oposição não registrar presença, dificilmente 342 deputados estarão em plenário para iniciar a votação. Segundo as regras da Câmara, a sessão pode começar com 51 deputados na Casa, e a discussão já pode ser iniciada com 52 deputados em plenário. Mas a votação só poderá ser feita com 342 presentes, mesmo número necessário para que a Câmara autorize o Supremo Tribunal Federal a processar o presidente. Caso o STF receba a denúncia, Temer é imediatamente afastado do cargo por 180 dias. Se não houver decisão nesse prazo, ele retorna ao posto. Depois que ao menos 52 marcarem presença, a discussão deve começar e se estender por horas. Durante o debate, o relator do parecer vencedor na Comissão de Constituição e Justiça, deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), poderá falar por 25 minutos contra a denúncia. Depois, o advogado de Temer, Antonio Cláudio Mariz, falará pelos mesmos 25 minutos.

 

MINISTROS QUE PODRÃO RETOMAR O MANDATO

Antonyo Imbassahy (PSDB)

Secretário de Governo

Bruno Araújo (PSDB)

Cidades

Maurício Quintella, (PR)

Transportes

Osmar Terra (PMDB)

Desenvolvimento Social

Leonardo Piccini (PMDB)

Esporte

Raul Jungmann (PPS)

Defesa

Mendonça Filho (DEM)

Educação

Ronaldo Nogueira (PTB)

Trabalho e Emprego

Ricardo Barros (PP)

Saúde

Fernando Coelho Filho, do PSB

(Minas e Energia)

Sarney Filho, do PV

(Meio Ambiente)

Marx Beltrão, do PMDB

(Turismo)

O globo, n.30672 , 29/07/2017. País, p.3