Título: Saúde em novo patamar
Autor: Braga, Juliana
Fonte: Correio Braziliense, 31/12/2011, Política, p. 3

Enquanto Dilma Rousseff vivia os últimos momentos de ansiedade para a posse como presidente, em 31 de dezembro de 2010, a revendedora Luciana Jesus da Silva, aos 19 anos, se preparava para assumir o papel de mãe. A jovem fez todo o pré-natal em um posto de saúde em Samambaia, perto de onde mora, mas não queria ter seu filho na cidade. Em 2007, a irmã morreu devido à espera para dar à luz. Ela chegou ao hospital às 4h e só foi atendida 15 horas depois. Morreu dois dias depois devido a complicações no pós-parto.

Há um ano, Luciana pegou um ônibus e seguiu com a mãe, Leonice de Jesus, ao Hospital Regional de Taguatinga. Mas não havia vaga. Voltou para Samambaia, relutante, mas se impressionou com a melhora no atendimento. Lucas nasceu às 23h48 de 31 dezembro do ano passado. Luciana observou a melhoria também ao longo do ano, todas as vezes em que precisou levar Lucas ao posto de saúde, mantido com verbas do Fundo Constitucional do Distrito Federal. O Rede Cegonha, programa que destinou R$ 9,4 bilhões para a construção de maternidades e a melhoria no atendimento para a mãe e para a criança, foi um dos primeiros lançados por Dilma, em março. "É bom ver que a presidente está cuidando da saúde de quem é mais pobre. Minha irmã era muito nova para morrer."

Mas outras medidas do governo ainda não chegaram ao lar de Luciana. A redução no IPI para geladeiras, fogões e lavadoras, anunciada para incentivar o consumo e escapar dos efeitos da crise econômica na Europa, não foi suficiente para que a família conseguisse trocar os eletrodomésticos. "Essa minha geladeira aqui é tão velha que eu nem lembro quando comprei", diz a avó de Lucas, Leonice, com quem Luciana mora. Os avós da criança estão desempregados, vivem apenas de bicos, e a mãe conseguiu o primeiro emprego só em dezembro.

Os móveis novos na casa são da irmã de Luciana, Mônica, que não perdoou um deslize do marido e voltou para a casa dos pais. Em 2011, Dilma também não se mostrou complacente com os ministros e perdeu sete com denúncias de corrupção ou por falarem demais.

Eleitora de Dilma, Luciana diz que votou na presidente por causa de uma promessa de campanha: a construção de 6 mil creches no país. Também não viu mudanças, nem depois do anúncio em setembro da construção de 4,9 mil unidades. Agora que está empregada, precisa pagar R$ 200 para uma vizinha cuidar do filho e outras 20 crianças. (JB)