Com corte de custos e exportação maior, Petrobrás lucra R$ 4,4 bi no 1º trimestre

Fernanda Nunes e Vinicius Neder

12/05/2017

 

 

 

Balanço. Resultado, fruto também de um aumento de 9% na produção de petróleo e gás, reverte o prejuízo de R$ 1,2 bilhão registrado no mesmo período do ano passado; presidente da estatal disse que números no trimestre foram ‘satisfatórios

 

 

 

Com custos mais controlados e aumento das exportações, a Petrobrás registrou no primeiro trimestre um lucro líquido de R$ 4,449 bilhões, o segundo consecutivo, anunciou ontem a empresa.

O resultado reverteu o prejuízo de R$ 1,246 bilhão do primeiro trimestre de 2016 e ficou acima das estimativas de analistas ouvidos pelo Estadão/ Broadcast, que apontavam para um lucro líquido de R$ 3,5 bilhões.

Segundo especialistas, o resultado do primeiro trimestre passou ao largo do impacto da recessão nas vendas internas de combustíveis. A queda na produção (8%) e nas vendas (5%) de gasolina, diesel e demais derivados, na comparação com o primeiro trimestre de 2016, foi compensada pelo aumento de 72% nas exportações, que atingiram 782 mil barris por dia (bpd).

Com isso, a produção total de petróleo da estatal, no Brasil e no exterior, cresceu 9% em relação ao primeiro trimestre de 2016, para 2,248 milhões de barris/ dia. “Estamos satisfeitos com esses resultados”, disse o presidente da estatal, Pedro Parente.

“Reduzimos gastos com ganhos de produtividade e aumento da produção.” A geração de caixa (medida pelo Ebitda, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 25,254 bilhões, alta de 19% em relação aos três primeiros meses do ano passado e recorde histórico da companhia.

Parte do ganho veio de demissões, disse Parente.

Para o analista Flávio Conde, da consultoria WhatsCall Research, o resultado foi “forte”, principalmente por causa da maior eficiência operacional. O balanço financeiro da estatal mostrou que, no primeiro trimestre, houve redução de 27% nas despesas com “vendas, gerais e administrativas” e de 11% nas despesas financeiras líquidas.

Com o avanço do plano de incentivo ao desligamento voluntário (PIDV), o efetivo total encolheu 17% na comparação com o primeiro trimestre de 2016, somando agora 65,2 mil funcionários.

A Petrobrás também viu sua dívida bruta cair 5% em relação ao nível do fim de 2016, passando para R$ 364,8 bilhões. A dívida líquida ficou em R$ 301 bilhões.

Grande parte do movimento se deveu à queda do dólar: na moeda americana, a dívida líquida caiu só 1%, para US$ 95 bilhões. O índice que mede a relação entre dívida e geração de caixa caiu de 3,54, no fim do ano passado, para 3,24 no encerramento do primeiro trimestre.

A petroleira continua a ser uma das companhias mais endividadas do mundo, mas o índice de alavancagem está caindo a patamares que nem a diretoria projetava.

A estatal se comprometeu com a meta de reduzir esse índice a 2,5 no fim do próximo ano. Para Conde, mantido o ritmo atual, a meta parece factível.

Segundo Edmar Almeida, professor da UFRJ, o resultado mostra que a Petrobrás está em recuperação, mas, além das cotações do petróleo e da venda de ativos, a estatal dependerá muito da economia brasileira para atingir suas metas.

 

 

O Estado de São Paulo, n. 45132, 12/05/2017. Economia, p. B1.