Lava-Jato tem mais 12 inquéritos em SP

11/07/2017

 

 

Procuradores aguardam há dois meses formação de força-tarefa

 

Apurações no estado envolvem pagamentos de propina e caixa dois em três disputas eleitorais

 

O Ministério Público Federal (MPF) de São Paulo abriu 12 inquéritos para investigar acusações feitas na delação da Odebrecht sobre supostos crimes praticados no estado. Os procuradores aguardam há dois meses a formação, pela Procuradoria-Geral da República, de uma força-tarefa em São Paulo nos mesmos moldes da existente em Curitiba.

Os inquéritos foram enviados para a Polícia Federal, que passará a investigar as declarações e indícios apresentados pelos executivos da Odebrecht. O pedido foi feito pelo Núcleo de Combate à Corrupção do MPF.

No acordo de colaboração firmado com empreiteira, executivos da empresa citaram pagamentos de propina e caixa 2 para agentes públicos e políticos nas eleições de 2010, 2012 e 2014. Os repasses de vantagens indevidas ocorreram nas campanhas eleitorais para presidente, governador, prefeito, deputado federal e deputado estadual.

Entre as obras públicas em que teria ocorrido pagamento de propina, segundo a Odebrecht, estão as da linha 2 do metrô e as da Rodovia Carvalho Pinto.

Além dos 12 inquéritos, outras petições foram enviadas para unidades do Ministério Público Federal no interior.

Dois meses depois de o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Edson Fachin derrubar o sigilo das delações da Odebrecht e enviar 197 petições para investigações em instâncias inferiores, levantamento do GLOBO mostrou que alguns resultados devem demorar para aparecer: ao todo, pelo menos 40 inquéritos foram instaurados em oito estados e no DF, além de três sindicâncias.

A velocidade varia de estado para estado: em São Paulo, os 27 pedidos de investigações ficaram dois meses parados até quarta-feira passada, quando os procuradores pediram a instauração de inquéritos. Os procuradores paulistas aguardam a formação de força-tarefa no estilo das existentes no Paraná e no Rio.

 

MANTEGA E BENDINE

O Ministério Público Federal do Paraná, onde as investigações da Operação Lava-Jato começaram, é o mais ocupado com as petições: 39 processos foram enviados para Curitiba, número que diminuiu após novas decisões do ministro do Supremo Edson Fachin.

Há pouco mais de duas semanas, o ministro enviou para o Ministério Público de São Paulo investigação sobre o exministro Guido Mantega. Já o ex-presidente do Banco do Brasil e da Petrobras, Aldemir Bendine, é alvo de investigação no Paraná, acusado de receber R$ 3 milhões para atenuar os efeitos da Lava-Jato na Odebrecht. Inquéritos costumam demorar de seis meses a um ano para saírem da Polícia Federal (PF).

Há ainda o receio com o enxugamento no contingente da Polícia Federal. Em Curitiba, o número de delegados caiu de nove para seis.

— Há uma falta de 500 delegados no país e isso vai sobrecarregando (o trabalho) — disse ao GLOBO Tania Prado, diretora da Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.

No Distrito Federal, onde o Ministério Público Federal recebeu 16 petições, as delações da Odebrecht sobre pagamento de propina ao exgovernador José Roberto Arruda e na obra do estádio Mané Garrincha foram juntadas às investigações da Operação Panatenaico, que apurava os crimes.

O globo, n.30654 , 11/07/2017. PAÍS, p. 8