Título: Três perguntas para
Autor: Vicentin, Carolina
Fonte: Correio Braziliense, 09/01/2012, Mundo, p. 12

Michael Elleman, pesquisador de segurança regional do International Institute for Strategic Studies

Por que é tão difícil negociar uma solução para o programa nuclear iraniano? Primeiro, porque a liderança do país está muito fragmentada e todas as decisões dependem do líder supremo. Segundo, é muito difícil que o Irã interrompa o enriquecimento de urânio agora, pois isso seria um sinal de fraqueza perante os EUA, que também não aceitam o diálogo sem esse comprometimento do governo. O terceiro aspecto é que o Irã vê o seu programa de mísseis como uma garantia para impedir qualquer ataque, porque eles podem ameaçar outros países.

O senhor acha que a aplicação das sanções internacionais terá algum efeito sobre o regime? É difícil dizer, mas sanções já estão tendo algum impacto, a moeda iraniana está caindo, e isso, certamente, prejudica o desenvolvimento do programa de mísseis. Não acredito que eles vão interromper o programa nuclear, mas acho que as sanções estão deixando tudo mais doloroso para o governo iraniano. E talvez isso, em algum momento, faça-os ir à mesa de negociações.

Na sua opinião, qual seria a solução para esse impasse? O problema é que não há muitas opções para a diplomacia. Atualmente, o melhor é aplicar as sanções e esperar para ver se isso fará o governo mudar de ideia. A outra opção seria deixá-los desenvolver a tecnologia para fazer o que bem entendem e, então, administrar o resultado. E a opção final é atacar o Irã ou sua infraestrutura nuclear. Só que isso levanta uma série de questões sobre o que fazer depois do ataque. Nem os inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica têm ideia do que eles fazem dentro do Irã, e qualquer lacuna de informação nesse sentido é perigosa.