Em ato, petista diz que ação serve para retirá-lo das eleições

SÉRGIO ROXO

MIGUEL CABALLERO

JORGE WILLIAM

21/07/2017

 

 

Simpatizantes de Lula fizeram protestos em pelo menos três capitais

Em ato que concentrou militantes partidários e apoiadores contrários à sua condenação, o expresidente Lula afirmou ontem, na Avenida Paulista, que seus adversários se valem de processos judiciais porque não conseguem derrotá-lo na política e, mais uma vez, desafiou os procuradores da Lava-Jato a encontrarem provas de que recebeu dinheiro de propina de contratos públicos.

Os simpatizantes de Lula ocuparam pouco mais de um quarteirão da Paulista. Na última vez em que o ex-presidente havia participado de um ato político no local, na greve geral do dia 15 de março, o público tomou cerca de cinco quarteirões da avenida.

Lula insistiu que os investigadores não apresentaram provas contra ele no processo do tríplex do Guarujá, no qual foi condenado a nove anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro.

— Como não conseguem me derrotar na política, querem me derrotar com processo. Nenhum deles é mais honesto do que eu neste país. Se o Ministério Público e o juiz Moro tiverem um prova de que eu desviei cinco centavos, apresentem, me desmoralizem e me prendam. Eu não sei se vou estar vivo para ser candidato, mas eles querem impedir que eu seja indicado pelos partidos de esquerda para ser candidato — discursou, em meio a ataques às reformas trabalhista e da Previdência.

 

ATOS NO RIO E EM BRASÍLIA

A manifestação, convocada pelo PT e por movimentos sociais, tinha como mote “Eleição sem Lula é Fraude”, numa tentativa de se contrapor a uma eventual confirmação da sentença de Moro pelo Tribunal Regional Federal da 4 Região (TRF4), o que impediria o petista de disputar a Presidência da República no próximo ano.

— Sem Lula não é eleição, é fraude — discursou o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, que convocou os militantes a irem a Curitiba no dia 13 de setembro, quando o expresidente terá que depor novamente diante de Moro, apesar de a audiência estar programada para acontecer por videoconferência.

No Rio, o grupo de apoiadores se reuniu no fim da tarde em protesto contra a condenação do ex-presidente Lula e contra a reforma trabalhista. Além de discursos denunciando “perseguição política” do juiz Sérgio Moro a Lula, também foi feita uma homenagem a Marco Aurélio Garcia, que morreu ontem e foi lembrado em discursos e com salva de palmas.

A manifestação ocorreu em clima tranquilo, com lideranças se revezando ao microfone. A Polícia Militar não divulga estimativas de pessoas presentes em atos de rua. Visualmente, foi possível estimar a presença de cerca de 500 a 600 pessoas.

Em Brasília, cerca de 150 militantes com bandeiras do PT se reuniram na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, com cartazes “Mexeu com Lula, mexeu comigo”, “Fora Temer”, “#Lula inocente. Diretas Já” e “Eleição sem Lula é fraude”.

O globo, n.30664 , 21/07/2017. PAÍS, p. 6