TEMER DIZ QUE JURO DO CARTÃO VAI CAIR PELA METADE

LETÍCIA FERNANDES

 SIMONE IGLESIAS

 EDUARDO BARRETTO

ANA PAULA RIBEIRO

23/12/2016

 

 

Segundo operadoras, quem ficar mais de 1 mês no rotativo será direcionado ao parcelamento, com taxa menor

O presidente Michel Temer anunciou ontem que os juros cobrados pelas operadoras de cartão de crédito cairão pela metade. Segundo essas empresas, o que acontecerá, na prática, é que os clientes que atrasarem o pagamento das faturas por mais de um mês deixarão de ser enquadrados no crédito rotativo — modalidade com os juros mais altos do mercado — para ingressarem no parcelamento.

Após 30 dias na modalidade de crédito rotativo, na qual os juros são de 457,8% ao ano, segundo dados do Banco Central (BC), o consumidor será destinado automaticamente para o parcelamento, com taxa anual de 156,1%.

Essas regras devem fazer parte de uma resolução do Conselho Monetário Nacional (CMN) que será divulgada em breve, e os emissores de cartões terão 90 dias para se adequarem às novas regras, segundo afirmou Marcelo Noronha, presidente da Associação Brasileira das Empresas de Cartões (Abecs).

A prática de oferecer o parcelamento já é largamente adotada pelos bancos. No entanto, a adesão é baixa. A diferença é que isso agora será compulsório caso o cliente fique por mais de um mês sem pagar o valor total da fatura até a data de vencimento.

— Quando tem um valor no rotativo e a gente parcela em um prazo mais elástico, a gente reduz o comprometimento da renda do consumidor e com isso reduz a inadimplência, o que ajuda a convergir a taxa de juros para patamares mais baixos. Essa é a lógica desse modelo. Vários bancos emissores já oferecem esse parcelamento. O que muda agora é que a oferta terá que ser feita por todos — explicou Noronha.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a medida deve estar implementada já no primeiro trimestre do próximo ano.

— É um prazo viável sim, na medida em que hoje as condições da economia são já bastante diferentes. Isso, juntamente com algumas medidas regulatórias de cartão de crédito, como a unificação das máquinas nos pontos de venda, permite que os custos também sejam menores — concluiu Meirelles.

O globo, n.30454 , 23/12/2016. ECONOMIA, p. 23