Temer elogia ‘coragem cívica’ de quem votou com o governo

LETICIA FERNANDES

14/07/2017

 
 
 
Para Planalto, resultado na CCJ é ‘vitória da democracia e do direito’

O presidente Michel Temer comemorou a vitória do governo na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, que derrotou o relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), que recomendava o prosseguimento da denúncia por corrupção passiva contra o presidente.

Temer assistiu à votação em seu gabinete, ao lado dos principais ministros, entre eles Eliseu Padilha (Casa Civil) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo), e com deputados da base. Segundo relatos, ao ver o resultado, o peemedebista ficou “muito feliz”.

— Foi tudo dentro do previsto, sem nenhuma surpresa, o que é bom — afirmou um governista.

O Palácio do Planalto atuou intensamente para garantir uma composição favorável a Temer na CCJ, levando os partidos aliados a trocarem integrantes para garantir a rejeição da denúncia.

Por meio do porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, Temer elogiou a “coragem cívica” de cada deputado que votou com o governo e afirmou que venceu com mais de 60% dos votos.

 

VOTOS CONSOLIDADOS

A avaliação de interlocutores do presidente é de que a votação em plenário deverá mesmo ficar para agosto, já que, sem a presença da oposição, o governo não tem número para garantir o quórum no plenário da Câmara nos próximos dias. Isso porque muitos deputados já estão viajando ou com passagem marcada, o que atrapalha a mobilização do governo para reunir toda a base.

Apesar de não ser o ideal, já que o governo quer liquidar a denúncia o mais rápido possível e teme que o presidente fique “exposto” e “sangrando” até agosto, ministros e assessores do Planalto afirmam que os votos pró-Temer já estão consolidados e que não mudarão de hoje até a data da votação.

— (Votar em agosto) Não tem potencial negativo porque o governo tem os votos. Esse movimento de adiar é porque a oposição é que não tem. O governo, sozinho, não tem como remediar a manobra da oposição nesse momento — admitiu um assessor do Planalto:

— Os votos que o governo tem continuará a ter em agosto — afirmou.

Apesar de governistas admitirem que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), poderia ter definido um rito mais célere, também não ficaram irritados com a postura de Maia. Pessoas ligadas a Temer admitem que o presidente da Câmara tem “justificativa regimental” para adiar a votação, já que há uma interpretação de que a votação só pode começar quando o quórum chegar ao número mínimo necessário para aprovar uma determinada matéria. No caso da denúncia contra o presidente, a oposição precisa de 342 votos para que ela prossiga. Por isso, o entendimento é que a votação só será aberta quando houver, no mínimo, 342 deputados na Casa.

O porta-voz da Presidência, Alexandre Parola, disse que Temer recebeu o resultado com satisfação:

— O presidente recebeu a noticia com a tranquilidade de quem confia nas instituições brasileiras. O resultado hoje (ontem) alcançado deixa claro que é sólida a maioria dos que defendem a democracia, os direitos constitucionais e o Estado de Direito.

 

FOCO NAS REFORMAS

Ao GLOBO, Imbassahy também comemorou a vitória e disse que o resultado favorável ao presidente evidencia a fragilidade da denúncia:

— Foi uma vitória convincente, com base em princípios e valores, e confirma a fragilidade da denúncia, ponto muito bem destacado pelo doutor Mariz (advogado de Temer) — afirmou o ministro, acrescentando que o governo vai focar nas reformas, paralisadas pela crise política: — Agora, é prosseguir com a reforma previdenciária e avançar na tributária.

O globo, n.30657 , 14/07/2017. PAÍS, p. 4