Lobista diz que pagou propina a Renan e Jader

20/07/2017

 

 

Jorge Luz depôs em caso de sonda e falou que repassou total de US$ 15 milhões

 O lobista Jorge Luz confessou ontem ao juiz Sergio Moro ter atuado como intermediário de propina no esquema de corrupção da Petrobras. Ele disse que ajudou a negociar o pagamento de R$ 11,5 milhões de propina ao deputado federal (PMDB-CE) e aos senadores Renan Calheiros (PMDB-AL) e Jader Barbalho (PMDB-PA) entre 2005 e 2006. Em troca, os políticos ofereceram apoio aos exdiretores da estatal Paulo Roberto Costa e Nestor Cerveró.

Segundo Luz, nesse esquema ele intermediou um contato entre o lobista Fernando Soares, o Fernando Baiano, e políticos do PMDB. O dinheiro foi pago por outro lobista, Julio Camargo, que representava a Samsung.

No depoimento, de cerca de uma hora, confessou outro esquema que também envolveu o PMDB: o de compra dos naviossonda Petrobras 10.000 e Vitória 10.000 e na contratação da Schahin como operadora do segundo deles tendo inclusive simulado a prestação de serviços para receber US$ 900 mil da empresa. A propina nesse caso foi de US$ 15 milhões.

Luz contou que repassou dinheiro para uma conta na Suíça, intitulada Headliner, que pertenceria ao PMDB e seria operada por Aníbal Gomes. Ele não soube dizer em nome de quem estava essa conta. Citou ainda pagamentos feitos em maio de 2007 no valor de U$S 1, 5 milhão. Desse total, o PMDB teria sido destinatário de dois repasses: um de US$ 86 mil e outro de US$ 49 mil.

Moro perguntou a quem pertencia a conta Headliner:

— Essa conta é do PMDB. Para mim quem operava era o Aníbal ou Luiz Carlos Sá (assessor de Aníbal) — disse Luz.

Questionado sobre como os pagamentos para os políticos eram feitos, Luz afirmou que os parlamentares não se importavam com a origem dos valores.

Ao fim do depoimento, o lobista aproveitou para fazer uma declaração. Aos 73 anos, destacou sua idade como motivação para entregar os políticos.

Luz e seu filho, Bruno Luz, foram presos em fevereiro e denunciados por corrupção e lavagem de dinheiro. O exdeputado federal Eduardo Cunha foi um dos beneficiários do esquema. Luz disse que Cunha ficou associado à propina porque era um dos cobradores.

Renan informou que a última vez que encontrou Luz foi em 1988 e que não há provas que comprovem qualquer citação que possa ser relacionada ao réu. Jader Barbalho negou as acusações e disse que Luz é um “bandido que quer reduzir sua pena". Aníbal Gomes não foi localizado.

O globo, n.30663 , 20/07/2017. PAÍS, p. 4