Janot: Lava-Jato terá orçamento maior

RODOLFO BORGES

20/07/2017

 

 

‘Operação é prioridade na minha gestão, não sei na dela’, diz em resposta à sucessora

 

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou ontem que o orçamento para a Operação Lava-Jato ano que vem está “garantidíssimo”. Ele lançou uma indireta à sua sucessora, Raquel Dodge, que o questionou formalmente no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) sobre uma possível redução nos recursos destinados às investigações. Dodge assumirá a Procuradoria-Geral da República a partir de 17 de setembro.

Segundo Janot, que participou de painel sobre a luta contra a corrupção no Atlantic Council, em Washington, o orçamento da operação para o próximo ano não sofrerá cortes.

— (A Lava-Jato) é prioridade da Procuradoria na minha gestão. Se vai ser na dela, não sei, mas na minha está garantido o orçamento, sim.

A proposta de orçamento para o ano que vem será analisada pelo Conselho na próxima terça-feira.

— O que eu posso dizer é que o (orçamento) que foi destinado à Lava-Jato para 2018 é mais do que em 2017.

Em questionário de 40 perguntas, Dodge diz que “a forçatarefa da Lava-Jato, sediada em Curitiba, solicitou R$ 1,65 milhão” e “foi apresentada a proposta de somente R$ 522,6 mil”. Na sequência, vêm as perguntas: “Qual a razão dessa redução para a FT (força-tarefa) da Lava-Jato? Qual o valor programado para 2017?”

Questionado sobre os valores mencionados por Dodge, Janot disse que a solicitação da força-tarefa foi feita a partir de uma expectativa “em cima do índice inflacionário”, que mudou desde o primeiro cálculo.

A PGR já havia negado, em nota, a alegada redução do valor de um ano para o outro. Segundo a Procuradoria, “o critério estabelecido para alocação do novo referencial, tratandose de valores estimativos, leva em conta o valor da proposta de 2017, acrescido de 4,19%”. Em 2017, segundo a Procuradoria, o orçamento previsto era de R$ 501 mil. A esse valor, foram acrescidos mais R$ 501 mil da reserva técnica.

 

PALESTRAS SOBRE CORRUPÇÃO

O procurador-geral disse que não vê nada de extraordinário nos questionamentos feitos pela sucessora.

— Na terça-feira, ela estará lá na sessão do conselho, votando. Ela vai poder dizer “voto ou não voto, concordo ou não concordo” e dar as razões dela.

Janot participou na tarde de ontem de seu segundo evento público em Washington na semana. Desta vez, ele falou sobre a cooperação entre as autoridades norte-americanas e brasileiras no combate à corrupção. O procurador-geral defendeu a LavaJato das acusações de que a operação é responsável pelas crises política e econômica do Brasil.

Ontem, Janot ainda falaria na George Mason University. (* Especial para O GLOBO)

O globo, n.30663 , 20/07/2017. PAÍS, p. 6