Dólar cai a menor nível desde a delação da JBS

RENNAN SETTI

13/07/2017

 

 

Moeda americana fecha a R$ 3,20. Notícia de condenação de Lula anima investidores e Bolsa sobe 1,57%

A condenação do ex-presidente Lula levou o dólar a ampliar sua queda e a Bolsa a recuperar o fôlego ontem. Em sua quarta desvalorização seguida frente o real, a divisa americana recuou 1,41%, encerrando o dia a R$ 3,208. É a menor cotação de fechamento desde os R$ 3,134 de 17 de maio, quando, após o fechamento do mercado, o site do GLOBO revelou detalhes da delação premiada dos executivos da JBS, em que o presidente Michel Temer é acusado de comprar o silêncio do ex-deputado Eduardo Cunha. A B3 (ex-Bovespa), por sua vez, subiu 1,57%, aos 64.835 pontos. É o maior patamar desde 17 de maio, quando fechou em 67.540 pontos.

Os ativos já começaram o dia reagindo positivamente à aprovação da reforma trabalhista no Senado, por ampla margem de votos, e a comentários da presidente do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) que sugeriram que o processo de elevação dos juros no país será mais lento, explicou Pablo Spyer, da Mirae Asset. No início da tarde, porém, o dólar operava próximo a R$ 3,23 e a Bolsa apagava os ganhos. Mas às 14h, quando foi publicada a notícia sobre a condenação de Lula, os ativos reagiram rapidamente.

 

EFEITO SOBRE POLÍTICA FISCAL

O risco-país medido pelo CDS (Credit Default Swap, espécie de seguro contra calote da dívida soberana) recuou dos 235 pontos para 228 pontos. Segundo observadores do mercado, a notícia da condenação do ex-presidente animou investidores porque reduz a possibilidade de vitória de um candidato de plataforma econômica considerada desenvolvimentista nas eleições presidenciais de 2018.

— De uma maneira geral, os ativos reagem à visão de que o risco-país diminui com essa notícia, muito em função do entendimento de que essa linha, mais à esquerda, de uma política econômica desenvolvimentista, que defende um Estado maior, perderia força caso Lula não possa se candidatar. Isso abriria espaço para um candidato de postura liberal — explicou Rogério Freitas, sócio na Teórica Investimentos. — Logo, os investidores reagem às implicações que essa notícia poderá ter nas políticas fiscal e monetária futuras.

O globo, n. 30656, 13/07/2017. PAÍS, p. 18