Senador do PMDB disputará governo no Amazonas

Vandson Lima e Luísa Martins

26/05/2017

 

 

Senador e ministro de Minas e Energia no governo de Dilma Rousseff, Eduardo Braga (PMDB) afirmou ao Valor que será candidato na nova eleição para o governo do Amazonas, que ocorrerá em agosto. No início do mês, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cassou o mandato de José Melo (Pros), por compra de votos nas eleições de 2014.

A confirmação da candidatura de Braga ao mandato-tampão, de cerca de um ano e quatro meses, ocorre em meio ao que o senador considera uma "retaliação" do governo de seu colega de partido e presidente Michel Temer: após Braga votar contra a leitura do relatório da reforma trabalhista, na terça-feira na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), o governo publicou anteontem a exoneração de Rebecca Garcia da Superintendência da Zona Franca de Manaus.

Deputada pelo PP, Rebecca ocupava o cargo por indicação do senador. Ela é cotada para ser a vice na chapa de Braga na eleição suplementar, que ocorrerá em pouco mais de dois meses.

"Quero deixar meu protesto a essa retaliação. A demissão da Rebecca, no dia seguinte [à votação na CAE] ocorreu sem nenhum diálogo ou explicação, a não ser a indicação política para o cargo", protestou Braga no plenário do Senado nesta quinta-feira. Para o senador, a decisão ignora os impactos ao próprio empreendimento. "Trata-se de um polo industrial que representa 2% do PIB brasileiro e nada mais, nada menos, do que 7% do PIB industrial brasileiro".

Integrante do grupo de senadores do PMDB que tem se oposto a parte das medidas encampadas pelo governo - como o líder da bancada, Renan Calheiros (AL) - Braga diz que a reforma trabalhista, como está posta, prejudica os trabalhadores de sua região. E dá a entender que, ao contrário do governo, ele foi eleito pelo voto e tem legitimidade para representar a população de sua região. "Afeta sim direito dos trabalhadores. De repente, nós que representamos o Estado do Amazonas pelo voto direto vemos agora uma reforma trabalhista que quer dar a este trabalhador apenas meia hora para o almoço", justifica. "Numa fábrica que, muitas vezes, tem 10 mil metros quadrados só de linha de produção, esse tempo às vezes não é suficiente sequer para chegar ao refeitório".

A realização do pleito suplementar no Amazonas ocorrerá em 6 de agosto, confirmou o Tribunal Regional Eleitoral do Estado ontem ao TSE. Se houver segundo turno, será em 27 de agosto. O eleito receberá a diplomação, caso vença em primeiro turno, em 15 de setembro. E em 11 de outubro se houver segundo turno. O registro das candidaturas ocorrerá entre 16 a 20 de junho.

Até o momento, Braga aparece como franco favorito e lidera as pesquisas. O PSDB, do prefeito de Manaus Arthur Virgílio, é um possível aliado. O senador e ex-governador Omar Aziz (PSD) articula possível apoio ao ex-governador Amazonino Mendes (PDT) - com 77 anos, ele é uma espécie padrinho original de todos os nomes atuais da política amazonense.

Marcelo Ramos (PR), segundo colocado na eleição para a capital no ano passado, também tem se colocado como candidato.

Por ora, está interinamente no governo do Estado o deputado estadual David Almeida (PSD), presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas. Ele nega que esteja trabalhando para ser candidato a continuar no posto.

 

 

Valor econômico, v. 17, n. 4263, 26/05/2017. Política, p. A6.